sábado, 7 de fevereiro de 2009

Eu disse que não prometia

Sempre que vejo jornais estrangeiros tendenciosos à causa palestina fico fulo. O único povo que pode falar mal de Israel é o brasileiro. Explico.

Se o país A lança mais de mil foguetes em direção ao vizinho B, a única pergunta que uma pessoa racional poderia fazer é: e B, não reage? O que impressiona em Israel é sua paciência digna de um santo. Israel tomou mais de mil foguetes e só depois foi reagir. Algo inédito na história. Todos os israelenses deveriam é ganhar prêmio Nobel da Paz. E vejam, são os cristãos que devem dar outra face; a justiça do antigo testamento é olho por olho dente por dente.

E daí, depois de tanto foguete, Israel resolve fazer uma excursãozinha para acabar com essa palhaçada (mesmo a paciência de um santo tem limites). O que o Hamas faz para se proteger? Se esconde atrás de crianças. Vejam bem, um mafioso faz reféns para conseguir o que quer. Mas é preciso ser um mafioso muito do filho da puta para fazer crianças de reféns. Lamento, mas não há nenhuma justificação para se fazer crianças reféns além de uma filhadaputagem congênita, o máximo desprezo pela vida alheia. Se, por um acaso, me visse na suprema infelicidade de ser governado por um bando de facínoras que fazem crianças de refém, o que eu mais desejaria é que meu país fosse conquistado por uma potência estrangeira civilizada. É o caso de Israel, esse país que, como disse acima, é o amante supremo da paz.

O país A lança um foguete no país B. Troque A e B por qualquer país que você imaginar e teremos uma guerra. Há apenas duas exceções. Uma é Israel. A outra é o Brasil; mais, não atacaríamos o agressor nem depois de dez mil foguetes. Daí nosso privilégio de podermos condenar Israel. Se, sei lá, a Bolívia começar a lançar foguetes em nós, não reagiríamos também. Israel não reage por amor à paz. Nós não reagimos por preguiça e covardia. O presidente Lula apareceria na TV e diria algo como “O governo boliviano foi escolhido democraticamente e é soberano. Tem todo direito de tacar foguetes em quem quiser. Nós entendemos e simpatizamos com esse ataque contra a potência imperialista da América do Sul” E, claro, a mídia nacional elogiaria o tal discurso como visionário, imparcial, coisa-bonita-de-se-ver-mesmo, o presidente Lula seria visto não só como um amigo da paz, mas como alguém capaz, compreensível com os mais fracos. Nós, o povo, aliviados de não termos de ir a guerra, decretaríamos por conta própria um feriado nacional em homenagem a Lula.

Eu exagero? Basta olhar para os morros do Brasil. Por lá comanda criminosos que nem “escolhidos democraticamente” foram. Experimente sugerir numa conversa de bar entre pessoas educadas que o governo brasileiro tem a obrigação de subir nas favelas e acabar com essa situação à bala? Será rotulado de fascista. O povo brasileiro acha que parte da população favelada tem todo o direito de interferir tiranicamente na vida da outra parte da população favelada (estipulando, por exemplo, o horário em que podem perambular pelas vielas ou em que vielas podem ou não perambular), assassinar vários outros favelados e ocasionalmente uma ou outra pessoa do asfalto. Mas por que nós temos tão estranha opinião? Por covardia, meus caros. Sabemos que uma atuação da polícia causaria mortes e violência. Então não queremos[1]. Preferimos que nossa liberdade e ordem sejam aviltadas por criminosos.
[1] Lembrei agora do seguinte episódio, que cito de cabeça, provavelmente com algumas confusões. Logo depois do golpe de 64, um diplomata americano dizia ao governo dos Estados Unidos que tal golpe seria vencedor. É que o povo brasileiro é por demais covarde e aceitaria pacificamente quem quer que tomasse o poder, fosse democratas, militares, fascistas ou comunistas. E não é verdade?

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