sexta-feira, 31 de julho de 2009

Pra mim esse papo de cerveja era só figura de linguagem. Mas é verdade. Aconteceu. Ora, quando estamos diante de um caso simbólico, um símbolo deve propor uma solução simbólica. Realidade hoje é o reino dos símbolos. No reino dos fatos, o Irã caminha tranqüilamente rumo a bomba nuclear. Mas fatos, verdades... tudo isso é um mundo ultrapassado, um mundo estranho ao nosso mundo de símbolos.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

João Paulo, um Aristóteles cruzeirense?

Este ano o Cruzeiro montou um bom time, mesclando raça e catiguria, quase conquistou a Libertadores e agora, com essa vitória contra o Santo André fora de casa, tenho fé, dará a volta por cima no Brasileirão. Time para isso ele tem. E ainda há o Cartola (Pra cima deles, Moriba!). Tudo isso me obrigou a acompanhar o futebol mais de perto e, claro, meu fanatismo de menino de 12 a 15 anos tem voltado cada vez com mais força.

Ah... que saudades de 2004, 2005 e 2006! Nesses anos o time do Cruzeiro era bem mais ou menos o que garantia campanhas medíocres. Nada melhor para nos desinteressar por futebol. Melhor do que campanhas péssimas, pois nessas há o risco do rebaixamento, os jogos são importantes e acabamos acompanhando do mesmo jeito, e o que é pior (leia com o sotaque do Neto), acompanhando um time ruim.

Já tinha desaprendido. Tirava onda, falava que fanatismo é coisa de atleticano e eu, como bom cruzeirense, apenas acompanhava a distância o meu time, sabendo o resultado das partidas, quando ficava sabendo, um dia depois dos jogos.

A verdade é que não gosto de acompanhar futebol por que tenho um quê de hooligan. Não desses que andam em grupos de cem para bater em três desinfelizes, mas que briga sozinho contra as pessoas. Brigar não é muito preciso, talvez apanhar seja mais acurado, mas isso é outro papo.

Pior ainda, com minha queda para a filosofia não posso deixar de pensar sobre isso. Um hooligan filósofo. Entendem por que eu não deveria me interessar por futebol?

Me aproprio aqui de um comentário do Matheus. Saindo do Mineirão depois da derrota contra o Estudiantes, esse ficou pensando sobre o que responderia a um atleticano caso esse viesse encher o saco naquele momento. A resposta dele era algo como “Vai tomar no cu seu, filho da pulta. Sabe o cu? Aquele lugar que sua mãe adora enfiar um cabo de vassoura? Aquele lugar onde meto minha pistola na sua namorada? Então nessa porra de lugar seu viado desgraçado. Vai tomar no meio do seu cu”. E claro, tudo isso deve ser seguido de porrada, porque ficar só na ameaça é paia.

É mais ou menos esse o desejo de todo torcedor quando se vê na burrada de entrar numa discussão futebolística contra um torcedor rival. A discussão futebolística é algo engraçado, pois é o único debate em que não se deseja convencer o outro, mas humilhá-lo. Por alguma razão ficou instituído no Brasil, e talvez no mundo, afinal de contas os hooligans são um fenômeno mundial, que há uma relação direta entre torcer por um time e o caráter da pessoa. Se, por exemplo, o Cruzeiro ganha de 5x0 do Atlético-MG, como vem acontecendo nos últimos tempos, não há um só cruzeirense no mundo que não se sentirá melhor que um atleticano. Não é só que ele torce por um time melhor que o outro. Afinal, que graça teria isso, torcer por um time melhor? Você é melhor, simplesmente isso. Mais homem, mais potente, mais corajoso, mais cruel, habilidoso, vivo, esperto, etc. É claro que é uma idiotice, mas é inevitável.

Por essa razão as discussões futebolísticas não são apenas do tipo “Meu time é melhor que o seu”. Por isso, aliás, não há o mínimo de sensatez no debate e será algo extremamente raro você ver, por exemplo, um cruzeirense dizer para um atleticano algo como “Esse lateral seus, hein? É bom jogador. Não é muito habilidoso, mas marca muito bem e é veloz e inteligente. Continuando assim será um bom nome para a copa de 2014, quem sabe.” Uma análise desapaixonada do futebol é tão absurda que mesmo os jornalistas esportivos, que em tese deveriam ser neutros e imparciais, estão cada vez mais desistindo dessa neutralidade e já é muito comum os jornais e programas esportivos terem o “representante do time A” e o “representante do time B”, quando o lógico seria apenas comentadores neutros e imparciais. Eu dizia que não há sensatez no futebol e os debates não são do tipo o- meu-time-é-melhor-que-o-teu. Ao invés disso temos “Sua torcida é a mais fraca do Brasil”, “Eita, rapaz, não distrai não, você já torce pro X, já é meio caminho andado para a pederastia”. “Seu time é ridículo, eu tenho dó de você” E por ai vai.

Ora, se vamos deixar o futebol de lado e partir para o pessoal, então resolveremos esse caso da maneira como resolvemos os casos pessoais, isto é, na porrada.

É inevitável, vejam, não estou me excluindo. Só que não gosto disso, pois ao mesmo tempo em que não consigo ficar de fora, não consigo deixar de achar algo extremamente estúpido e, portanto, não deixo de me achar inevitavelmente estúpido.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um jornalista pergunta algo como:

- A CPI da Petrobrás pode terminar em pizza temperada com pré-sal?

E nosso digníssimo presidente respondeu

- Depende. Todos eles são bons pizzaiolos.

Parabéns para vocês que reelegeram isso como nosso presidente. Ele honra o país como ninguém.
Vejam aqui o plano que Chavez e Zelaya armam para a desestabilização política de Honduras:

http://www.elheraldo.hn/Ediciones/2009/07/16/Noticias/En-marcha-conspiracion-chavista-contra-Honduras

Uma parte chama atenção:

“El plan Chávez contempla que sean miembros de panfillas, a quienes se pagó entre 300 y 500 lempiras, los que encabecen las manifestaciones.

Sua misión será sublevarse a la autoridad hasta la provocación de disparos.

Una vez surjan los primeros disparos, los grupos irregulares infiltrados dispararán contra los mismos manifestantes, con el fin de fabricar una masacre que desestabilice y provoque una anarquia en el país

Alguma dúvida de que lado ficar depois dessa?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Melhores Álbuns - 1982




O The Fall foi uma das poucas coisas boas que ocorreram no começo da década de 80, em minha desimportante e desinformada opinião. Em meio a batidas eletrônicas hoje um tanto datadas e o som um tanto chato e não-melódico do pós-punk, The Fall, especialmente nesse álbum, apresenta-se como um fio que liga o rock do final dos anos 70 com o rock da virada da década de 80 para 90. O som é bem cru, mas há melodia e o vocal meio cantado meio falado com sotaque inglês carregado, sempre com um certo toque de arrogância de quem, deliberadamente, procura o confronto, é pura alegria. A influência deles para as bandas da década de 90 é evidente. É bem verdade que o The Fall está longe não ter sido influenciado pelo pós-punk. Mas já há algo neles que apontam para outra direção. Destaque para a música que abre o álbum “The Classical”, uma das melhores faixas de todos os tempos. As poucas faixas lentas me parecem hoje um tanto chatas e sem propósito, mas quando eles resolvem tocar algo barulhento (graças ao bom Deus, na maioria das vezes), pouca coisa se compara

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Melhores Álbuns - 1998




Minha primeira reação ao ouvir este álbum foi: que merda é essa? Parece não haver encaixe entre os vocais e a música. Parece que o cantor pegou uma música em japonês e traduziu diretamente para o inglês sem se importar muito em encaixa-la na música. Que ele não pensou muito em combinar o tom da voz com o tom da música. Algo completamente amador e sem noção mesmo. Mas com o tempo vai se percebendo um certo clima que aquelas músicas evocam, descobre-se que aquela voz desafinada e infantil é essencial para a música também. E percebe-se as letras também.

As letras são um caso a parte. Quem se dispõe a ler as bobajadas que escrevo sobre música, já deve ter percebido que não ligo muito para letras. Mas é impossível não mencioná-las aqui. As letras junto com as formas estranhas das músicas formam um todo fantástico.

A maior influência para o álbum não veio de uma outra banda ou álbum, mas de um livro: O diário de Anne Frank. Isso explica muita coisa. Explica como o álbum pode ser tremendamente sério e infantil ao mesmo tempo. Explica as referências constantes a morte, também um certo clima de lembranças. As músicas centradas sempre nos vocais agudos e no violão solitário de Mangum evocam a imagem de uma criança condenada a morte, completamente desprotegida, inocente, frágil até o ponto do ridículo e surpreendentemente corajosa.

Já disseram muitas vezes que a morte é o maior, senão o único, tema da arte. Não sei bem a verdade disso. Mas esse é o álbum de música que melhor tratou do tema. Tratou a morte por todos os ângulos. Temos o problema do sentido da vida perante a própria morte

And one day we will die
And our ashes will fly from the aeroplane over the sea
But for now we are young
Let us lay in the sun
And count every beautiful thing we can see

O problema de entender a morte dos outros:

She goes and now she knows she'll never be afraid
To watch the morning paper blow
Into a hole where no one can escape

Ou as lembranças que os vivos tem dos mortos:

And in my dreams you're alive and you're crying,
As your mouth moves in mine, soft and sweet.
Rings of flowers round your eyes and I love you,
For the rest of your life (when you're ready).

Algumas referências diretas a Anne Frank:

The only girl I've ever loved
Was born with roses in her eyes
But then they buried her alive
One evening 1945
With just her sister at her side
And only weeks before the guns
All came and rained on everyone


E termina assim:

And when we break we'll wait for our miracle.
God is a place where some holy spectacle lies.
And when we break we'll wait for our miracle.
God is a place you will wait for the rest of your life.

E, pronto. Mangum coloca seu violão no chão e vai embora do estúdio. Sim, OK Computer é meu álbum predileto, mas é no In The Aeroplane Over the Sea que estão as melhores letras que conheço.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Por esses dias descobri o blog de Mister X. E o que ele acha de pérolas da imbecilidade no mundo é algo assustador. Vou postando aqui uma ou outra dessas idiotices.

A primeira é uma tese de doutorado que defende uma suposta atração homossexual entre Bentinho e Escobar. Mister X já comenta muito bem o caso em seu post, e não saberia o que acrescentar. Eis:


http://74.125.95.132/search?q=cache:7-O4oV9K7aAJ:sitemason.vanderbilt.edu/files/bVDoas/Miskolci.doc+dom+casmurro+homossexual&cd=1&hl=en&ct=clnk&gl=us
Quer seja ou não golpe a deposição de Zelaya, uma coisa é indiscutível, a vergonhosa atuação brasileira no caso. Lula não reconhece o governo interino. Só que Lula reconhece os maiores facínoras do mundo. Apóia governos genocidas na África, queria fazer uma embaixada na Coréia do Norte, apóia incondicionalmente o ditador iraniano... mas não reconhece o governo interino da Honduras. Ah, isso não! Para tudo há limites! Vê-se, portanto, o quanto é furada a tese de que Lula se aproxima dessa corja por pragmatismo. Se fosse pragmatismo aproximaria de qualquer ditador. Mas Lula escolhe bem quando ele será pragmático, quando ele será rigoroso. Aquele ali matou quatrocentos mil negros no Sudão? Tudo bem, não sou um negro no Sudão mesmo. Mas depor pacificamente protoditadores que são meus amigos? Isso é imperdoável, não converso mais. Sério mesmo, me bate nojinho dessa gente.
Estou gostando de escrever sobre Honduras, pois é um assunto mais complicado que o normal. Normalmente as polêmicas atuais me parecem tão idiotas que tenho preguiça de entrar. Mas essa é legal. Por exemplo, não seria melhor que o país optasse pelos procedimentos legais para tirar o protoditador do poder? A princípio, claro! Mas analisemos melhor. O que o judiciário poderia fazer? Como o referendo era inconstitucional, ele poderia expedir um mandato de prisão contra Zelaya e contra seus ajudantes. Já imaginou a confusão que isso causaria? Certamente iria haver policiais dispostos a cumprir o mandato e outros dispostos a proteger o presidente. O mais provável é que tudo desembocasse numa guerra civil. Seria mais democrático, mais legal, sem dúvida. Mas alguém prefere isso mesmo? Essa deposição foi tão limpa, sem sangue. Sou um conservador a Carlyle. Mais importante que questionar sobre os direitos dos homens é questionar sobre quais são as capacidades do homem.