quinta-feira, 23 de julho de 2009

João Paulo, um Aristóteles cruzeirense?

Este ano o Cruzeiro montou um bom time, mesclando raça e catiguria, quase conquistou a Libertadores e agora, com essa vitória contra o Santo André fora de casa, tenho fé, dará a volta por cima no Brasileirão. Time para isso ele tem. E ainda há o Cartola (Pra cima deles, Moriba!). Tudo isso me obrigou a acompanhar o futebol mais de perto e, claro, meu fanatismo de menino de 12 a 15 anos tem voltado cada vez com mais força.

Ah... que saudades de 2004, 2005 e 2006! Nesses anos o time do Cruzeiro era bem mais ou menos o que garantia campanhas medíocres. Nada melhor para nos desinteressar por futebol. Melhor do que campanhas péssimas, pois nessas há o risco do rebaixamento, os jogos são importantes e acabamos acompanhando do mesmo jeito, e o que é pior (leia com o sotaque do Neto), acompanhando um time ruim.

Já tinha desaprendido. Tirava onda, falava que fanatismo é coisa de atleticano e eu, como bom cruzeirense, apenas acompanhava a distância o meu time, sabendo o resultado das partidas, quando ficava sabendo, um dia depois dos jogos.

A verdade é que não gosto de acompanhar futebol por que tenho um quê de hooligan. Não desses que andam em grupos de cem para bater em três desinfelizes, mas que briga sozinho contra as pessoas. Brigar não é muito preciso, talvez apanhar seja mais acurado, mas isso é outro papo.

Pior ainda, com minha queda para a filosofia não posso deixar de pensar sobre isso. Um hooligan filósofo. Entendem por que eu não deveria me interessar por futebol?

Me aproprio aqui de um comentário do Matheus. Saindo do Mineirão depois da derrota contra o Estudiantes, esse ficou pensando sobre o que responderia a um atleticano caso esse viesse encher o saco naquele momento. A resposta dele era algo como “Vai tomar no cu seu, filho da pulta. Sabe o cu? Aquele lugar que sua mãe adora enfiar um cabo de vassoura? Aquele lugar onde meto minha pistola na sua namorada? Então nessa porra de lugar seu viado desgraçado. Vai tomar no meio do seu cu”. E claro, tudo isso deve ser seguido de porrada, porque ficar só na ameaça é paia.

É mais ou menos esse o desejo de todo torcedor quando se vê na burrada de entrar numa discussão futebolística contra um torcedor rival. A discussão futebolística é algo engraçado, pois é o único debate em que não se deseja convencer o outro, mas humilhá-lo. Por alguma razão ficou instituído no Brasil, e talvez no mundo, afinal de contas os hooligans são um fenômeno mundial, que há uma relação direta entre torcer por um time e o caráter da pessoa. Se, por exemplo, o Cruzeiro ganha de 5x0 do Atlético-MG, como vem acontecendo nos últimos tempos, não há um só cruzeirense no mundo que não se sentirá melhor que um atleticano. Não é só que ele torce por um time melhor que o outro. Afinal, que graça teria isso, torcer por um time melhor? Você é melhor, simplesmente isso. Mais homem, mais potente, mais corajoso, mais cruel, habilidoso, vivo, esperto, etc. É claro que é uma idiotice, mas é inevitável.

Por essa razão as discussões futebolísticas não são apenas do tipo “Meu time é melhor que o seu”. Por isso, aliás, não há o mínimo de sensatez no debate e será algo extremamente raro você ver, por exemplo, um cruzeirense dizer para um atleticano algo como “Esse lateral seus, hein? É bom jogador. Não é muito habilidoso, mas marca muito bem e é veloz e inteligente. Continuando assim será um bom nome para a copa de 2014, quem sabe.” Uma análise desapaixonada do futebol é tão absurda que mesmo os jornalistas esportivos, que em tese deveriam ser neutros e imparciais, estão cada vez mais desistindo dessa neutralidade e já é muito comum os jornais e programas esportivos terem o “representante do time A” e o “representante do time B”, quando o lógico seria apenas comentadores neutros e imparciais. Eu dizia que não há sensatez no futebol e os debates não são do tipo o- meu-time-é-melhor-que-o-teu. Ao invés disso temos “Sua torcida é a mais fraca do Brasil”, “Eita, rapaz, não distrai não, você já torce pro X, já é meio caminho andado para a pederastia”. “Seu time é ridículo, eu tenho dó de você” E por ai vai.

Ora, se vamos deixar o futebol de lado e partir para o pessoal, então resolveremos esse caso da maneira como resolvemos os casos pessoais, isto é, na porrada.

É inevitável, vejam, não estou me excluindo. Só que não gosto disso, pois ao mesmo tempo em que não consigo ficar de fora, não consigo deixar de achar algo extremamente estúpido e, portanto, não deixo de me achar inevitavelmente estúpido.

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