sábado, 19 de setembro de 2009

12 angry men (1957)


Cotação: \/\/\/\/\/


Resenha sem spoillers:
Pontos positivos: Roteiro, atuação, envolvente.

Resenha dos pontos positivos (com spoillers):

Não apostava muito nesse filme. Ele se passa quase todo dentro duma sala, isso não é cinema. Doze homens julgam um caso de homicídio. É muito personagem. E, dito assim, a história não promete.
Não promete, mas cumpre. É um filme fantástico, com cenas marcantes e tudo. Como aquela em que Henri Fonda mostra a faca que comprou ou quando ele imita o velho deficiente andando pelo seu apartamento. E principalmente aquela em que o outro lá rasga a foto de seu filho.
Tendo a ser favorável à pena de morte para casos de homicídios. É algo que nunca parei para estudar, mas tendo a achar, por mais bizarro que isso possa parecer, que a pena de morte para casos de homicídios é o único meio de valorizarmos radicalmente (que é como deve ser valorizada) a vida humana. Este filme, no entanto, é um libelo contra a pena de morte. Seu principal argumento é: vejam como os seres humanos baseiam seus julgamentos. Queremos crer num júri imparcial e preocupado, mas as pessoas reais que comporão os júris reais não são assim. Estão preocupadas com o jogo de baiseball que ocorrerão logo mais, condenam por preconceito, vão na onda da multidão, trazem traumas no inconsciente que podem condenar ou libertar um réu completamente alheio a esses traumas. É um argumento poderoso. Quando o filme começa não há como duvidar da culpa do réu. Essa também é uma das forças do roteiro. Há um caso claro que aos poucos vai sendo obscurecido por Fonda. Há um júri convencido da culpa que aos poucos vai se “desconvencendo”. Quando o filme começa, por exemplo, ninguém pode acreditar que dois daqueles personagens se “desconvencerão”. Mas se “desconvencem”. E é real. É muito bom o filme.

Resenha dos pontos negativos (com spoillers):
Há um episódio clássico do South Park onde nos é apresentada a “Defesa Chewbacca”. Funciona assim, há um julgamento e é a vez do advogado falar. Ele pede pela prova 1. Trata-se de um quadro didático coberto. Ele tira o pano, vemos nele o Chewbacca. O advogado começa: “este é o Chewbacca...” e vai descrevendo o monstro, tal tamanho, veio de tal planeta, etc. No fim ele diz “Vocês devem estar pensando, por que esse advogado idiota está falando do Chewbacca? O que isso tem a ver com o caso? Nada, é claro. Mas lembre-se, vocês estão aqui para discutir se o réu é culpado ou não, e não para discutir se o advogado é um idiota ou não. Se condenarem meu cliente, o condenarão só porque ele tem um advogado ineficiente, e não porque ele é de fato culpado. Mas isso não só é um absurdo, mas desumano”. O advogado ganhava todas as causas. É assim com o filme. Fonda mostra que péssimo trabalho fez o advogado do cliente. Que se ele tivesse um advogado melhor, ele poderia ter rebatido melhor as acusações. Mas isso não é provar que alguém é inocente, nem mesmo anular as provas da acusação.

Detalhe importante: Se o filme tem um defeito tão grave e ainda assim ganhou uma nota boa, vocês podem imaginar como os pontos positivos são fortes.

Conselho não-cinematográfico para vida: Se você for réu num julgamento e Henri Fonda estiver no júri, contrate o pior advogado que seu dinheiro possa comprar.

2 comentários:

Raphael disse...

O filme é realmente muito bom, existe uma versão mais "atual" também - que me obrigou a ver o clássico.
Sobre a pena de morte, só por questão de curiosidade, existe um argumento interessante de que a pena capital é uma condenação para o "desconhecido", sendo assim, não deveria ser utilizada. Sim, sou contra.
Sempre leio, mas não sou de comentar.

João Teixeira disse...

É um argumento interessante. Mas também pode ser utilizado para o outro lado, algo como, "não está em nossas mãos julgar o que realmente mereces". Caso consiga vencer a preguiça, talvez escreva algo sobre o tema.

E obrigado por ler e comentar. Abraços.