terça-feira, 13 de maio de 2008

OK, eu sou mesmo um crianção. Tem coisas que só um adulto pode suportar. Papo de adulto, por exemplo. Mais uma vez arrisco perder algumas amizades, mas sinto que se não disser o que direi então serão eles que perderão um amigo. Já até vislumbro a cena:

- E aí João Paulo, como está o Rio de Janeiro?
(Começa a tremer e a me coçar) – Está bem.
-Está gostando então?
(Soa frio, sente engulhos e tonteira) – Sim, b-b-b-bastante.
- E o seu curso? Como está?

Então desabo no chão e começo a ter um treco, babo sangue da língua que mordi, começo a ficar roxo. Uma hora depois, já no hospital, médicos porão a mão no ombro do meu pai que estará rezando compenetrado e dirão um “Sinto muito, fizemos tudo o que podíamos”.

Não posso suportar esse tipo de conversa. Imagine duas crianças se encontrando depois de alguns meses separados – uma delas mudou de casa e agora está num bairro distante.

- E aí Zezinho, curtindo o bairro novo?
- Muito aprazível.
- E a escola nova?
- Excelente, bons alunos, bons professores.

Não dá! Impossível! Na realidade, ao se encontrarem ficarão um pouco sem graça um do outro por alguns instantes, sem saber o que falar. Depois de alguns segundos, um dos dois romperá o gelo assim, sem nenhum intróito nem nada:

- Ganhei um vídeo game novo.

E pronto, já estarão falando animadamente sobre vídeo games e logo depois estarão jogando futebol com uma bola imaginária.

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