domingo, 16 de novembro de 2008

Estou indo para Curitiba. Os posts tendem a ficar mais escassos que o normal. Se é que existirão. Nessas horas é bom lembrar de Deus, Cristo, Maria, a patota toda, que é para pegar força e não fazer bobagem. Um mês passa rápido. Au revoir.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Está bem, deixando de ser pelinha um pouco, traduzo trechos de um texto de Thomas Friedman (seguindo a dica do reinaldão). Eis o lado bom da vitória de Obama (O original e completo está aqui: http://www.nytimes.com/2008/11/09/opinion/09friedman.html?_r=1&oref=slogin )
Mostrem-me o dim-dim
(...)
Para todos estes europeus, canadenses, japoneses, russos, iranianos, indianos, africanos e latino-americanos que estão enviando e-mails a seus amigos norte-americanos sobre a alegria de ter a “América de volta”, agora que Obama venceu, eu só digo uma coisa: “Mostrem-me a bufunfa!”.
Não me mostrem apenas o amor. Não me mostrem apenas sorrisos. Seus amores são inconstantes e, como eu dizia, durará apenas até o primeiro ataque aéreo de Obama contra uma posição da Al Qaeda no Paquistão. Não, não não, mostrem-me o faz-me-rir. Mostrem-me que vocês estão prontos para apoiarem Obama, que não são aproveitadores –que são apoiadores das caras e difíceis iniciativas da administração Obama de manter o mundo estável e livre no momento em que teremos menos fontes.
(…)
O presidente Bush, por ser tão facilmente demonizável, tornou fácil a tarefa de aproveitar do poderio americano – e os americanos pagaram o preço. Não será fácil fazer isto com Obama.
Assim, para todos de além-mar digo: obrigado por seus aplausos ao nosso novo presidente. Estou extasiado que todos vocês sintam que a “América está de volta”. Se vocês querem, porém, que Obama obtenha sucesso, não nos mostrem apenas amor, mostrem-nos o tutu. Mostrem-nos as tropas. Mostrem-nos os esforços diplomáticos. Mostrem-nos parceria econômica. Mostrem-nos algo mais que um belo sorriso. Porque a liberdade não é de graça e suas desculpas para fazerem menos do que são capazes está indo embora em janeiro“.
Ah, mas é que eu não consigo deixar de ser pelinha. Olha isso: http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE4A901O20081110

Fiquei imaginando meu filho estudando na aula de história que Laura Bush disse "bom dia" ao casal Obama quando já era de tarde. Afinal de contas, se foi uma "visita histórica", deveria ser estudada nas aulas de História.

Tudo bem, estou sendo meio pelinha mesmo, o acontecimento tem lá seu interesse e importância. Mas que há exageros... Visita histórica à Casa Branca?! Acho que quando Obama for ao toilette pela primeira vez na Casa branca e fazer o tal número 2, leremos no jornal a manchete "Cagada histórica na Casa Branca", e embaixo uma matéria com fotos e comparações. Enfim.E vejam que o artigo não é de agência meia-boca não, mas da Reuters Brasil.

Ps. Estou meio bebo, perdoem erros e linguagem chula. Prometo, isso não voltará a ocorrer! Mais uma vez e me demito.

Ps2 Tentei justificar qualquer coisa de vergonhoso pelo ps e acabou que o ps foi mais vergonhoso que o post em si. Ia falar que todas essas justificações são ainda mais vergonhosas, mas achei meio vergonhoso dizer algo assim. Por isso termino num mui envergonhado ponto final.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Nunca vi nada igual. O Jornal da Globo terminou com a canção Beautiful Day do U2 e com imagens do candidato democrata, vencedor desta noite. Em vários jornais, antes durante e depois das eleições, jornalistas comentavam as votações não sem antes dar uma pequena demonstraçãozinha de “ei, eu sou Obama também!”. Vários repórteres brasileiros nos EUA disseram ter sentido algo diferente no ar, que as pessoas estavam mais felizes, que havia um clima leve. Vi uma repórter falar que sentiu esse clima no Brasil! Ouvi várias vezes algo como “aqui nesta reunião democrata está um clima festivo, alegre, descontraído, Confesso que me senti emocionado”. Os jornalistas pareciam todos darem as notícias de dedinhos levantados dançando uma marchinha carnavalesca imaginária. E os comentários? Esta foi a última batalha da Guerra de Secessão, agora os EUA viraram a página e começará a escrever uma nova história, as pessoas serão mais felizes, nunca mais teremos novas guerras, Obama é o cara que prefere ajudar países pobres a fazer guerras. É um fenômeno interessante. Não deixa de ter seu lado bonito. Mas também é bem triste. Triste porque é inevitável pensar na frustração de amanhã. Já escrevi aqui, preferia McCain, mas acho Obama um bom candidato. Mas para impedir tal frustração, “bom” não basta. Obama teria que ser o melhor presidente dos EUA de todos os tempos. E mesmo assim fico me perguntando se isso bastaria ou se seria necessário algo ainda maior. Reinaldo de Azevedo mais uma vez foi certeiro. Agora começa uma nova etapa: Obama não é mais um mito, um deus, um ideal. Ele agora é um pobre coitado feito de carne, osso e algumas idéias. Enquanto todos festejavam uma nova era (A queda de Roma, A conquista da Constantinopla, a Revolução Francesa e agora a eleição de Obama), a bolsa voltou a dar sinais de queda. Dow Jones caiu cinco por cento. Nasdaq cinco e meio. É a realidade, sempre muito comezinha, mesquinha, pequena a dar de ombros para a nossa euforia. E como prevê um post um pouco mais antigo do blog da Atlântico, quando esta festa acabar e a ressaca acenar, seremos nós McCainistas que defenderão Obama de muito de seus apoiadores atuais.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Uma das características mais irritantes da esquerda é a crença inabalável de que representam o futuro. Eles, os progressistas. Nós, os reacionários.
Ontem uma analista política falava na Record News. Não sei o nome dela, mas já havia visto seu rosto antes (acho que no Jornal da Globo). Mulher de meia idade, rosto redondo, pele bonita, cabelos castanho-aloirados cortados na altura do pescoço. Termina suas frases sempre num sorriso largo e simpático. Muito simpática ela. Não gosto de falar mal de pessoas simpáticas. A não ser, talvez, pelas costas. Então prossigamos.
O tema era a eleição nos Estados Unidos e ela falava de Obama. Obama tem idéias mais avançadas que McCain. Ela não especifica que idéias são essas e muito menos porque seriam mais avançadas. Para quê, não é mesmo? Não está claro para todos? Ele é democrata, McCain é republicano, isso- basta.
Em seguida ela diz, Obama está mais à esquerda de McCain. Mas devemos tomar cuidado ao dizer isso, pois o candidato mais progressista na eleição norte-americana ainda seria bem conservador aos olhos do eleitorado brasileiro.
A mulher é das analistas políticas mais importantes do país, vive aparecendo na TV, e, caramba!, não consegue somar dois e dois. Se ela é das melhores, imaginem o restante... Isso deve explicar porque muitos analistas políticos estão com Lula. A mulher não consegue ver a conclusão absurda a que os lugares-comuns da esquerda levam: se a esquerda é mais avançada que a direita e os EUA (e por que não dizer tudo? toda Europa ocidental) estão à direita do Brasil, podemos concluir que somos mais avançados que eles. Somos os EUA amanhã.
E depois a direita que é pessimista.