quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Nunca vi nada igual. O Jornal da Globo terminou com a canção Beautiful Day do U2 e com imagens do candidato democrata, vencedor desta noite. Em vários jornais, antes durante e depois das eleições, jornalistas comentavam as votações não sem antes dar uma pequena demonstraçãozinha de “ei, eu sou Obama também!”. Vários repórteres brasileiros nos EUA disseram ter sentido algo diferente no ar, que as pessoas estavam mais felizes, que havia um clima leve. Vi uma repórter falar que sentiu esse clima no Brasil! Ouvi várias vezes algo como “aqui nesta reunião democrata está um clima festivo, alegre, descontraído, Confesso que me senti emocionado”. Os jornalistas pareciam todos darem as notícias de dedinhos levantados dançando uma marchinha carnavalesca imaginária. E os comentários? Esta foi a última batalha da Guerra de Secessão, agora os EUA viraram a página e começará a escrever uma nova história, as pessoas serão mais felizes, nunca mais teremos novas guerras, Obama é o cara que prefere ajudar países pobres a fazer guerras. É um fenômeno interessante. Não deixa de ter seu lado bonito. Mas também é bem triste. Triste porque é inevitável pensar na frustração de amanhã. Já escrevi aqui, preferia McCain, mas acho Obama um bom candidato. Mas para impedir tal frustração, “bom” não basta. Obama teria que ser o melhor presidente dos EUA de todos os tempos. E mesmo assim fico me perguntando se isso bastaria ou se seria necessário algo ainda maior. Reinaldo de Azevedo mais uma vez foi certeiro. Agora começa uma nova etapa: Obama não é mais um mito, um deus, um ideal. Ele agora é um pobre coitado feito de carne, osso e algumas idéias. Enquanto todos festejavam uma nova era (A queda de Roma, A conquista da Constantinopla, a Revolução Francesa e agora a eleição de Obama), a bolsa voltou a dar sinais de queda. Dow Jones caiu cinco por cento. Nasdaq cinco e meio. É a realidade, sempre muito comezinha, mesquinha, pequena a dar de ombros para a nossa euforia. E como prevê um post um pouco mais antigo do blog da Atlântico, quando esta festa acabar e a ressaca acenar, seremos nós McCainistas que defenderão Obama de muito de seus apoiadores atuais.

2 comentários:

Carol disse...

Larga de ser pelinha! Era dia de festa! Nos tempos que o cara era pequeno, negros nem podiam votar. Hj, ele é eleito. Isso já é uma vitória! Nossa potlatch(escreve assim?): gastamos tudo, devoramos tudo, porque é festa!

Carol disse...

Ah, e sim, eu me emocionei com a música do U2...