terça-feira, 18 de agosto de 2009

Aguirre - a Cólera dos Deuses (1972) \/\/\/\/\/



É evidente que a natureza ocupa o lugar central nos filmes de Herzog. E ela é sempre grandiosa, invencível, terrível e impiedosa. O que impressiona nos filmes de Herzog, contudo, não é tanto a natureza, mas seu principal antagonista: o homem, uma criaturazinha frágil, mas louca, verdadeiramente insensata e inacreditavelmente corajosa. Em sua ânsia por encontrar Eldorado e domar a floresta, Aguirre desafia não só a natureza, doenças e fome mas também SPOILER SPOILER SPOILER os índios invisíveis da floresta e seu superior hierárquico. Com não mais de quarentas homens, Aguirre é capaz de desafiar a coroa espanhola. Aguirre é louco, sem dúvida alguma. Para mim, isso ficou claro quando a mulher de Pedro de Ursua o desafia, chegando mesmo a segurá-lo pelo braço. Ele releva cavalheirescamente e a ignora – ainda que pudesse esmagar ela e Pedro, então ferido, sem dificuldades. Ao virar-se, contudo, há um cavalo na sua frente e ele não só grita com muita raiva para o cavalo “SAIA DA MINHA FRENTE”, como o empurra brusca e inesperadamente, a ponto do cavalo cair da barca para o rio. Cara, não tem como essa cena ter sido prevista, eu acho. Um momento mágico do cinema. Você vê um filme como esse e pensa o ser humano é muito grande, muito terrível, caramba! Eu não sabia ser grande e terrível assim. E ao mesmo tempo, que miséria ele é. É tudo misturado. Aguirre é um personagem marcante pois ao mesmo tempo os respeitamos e lhe temos piedade. Talvez não o amamos, mas certamente admiramos e odiamos o filhodap. É um personagem insequecível e ver esse filme é obrigatório.

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