sábado, 1 de setembro de 2007

Era 31 de agosto e já fazia um dia que estava sem Internet em casa. Ainda não sabia, mas estava saindo de uma semana depressiva. As forças estavam voltando ao meu corpo melancólico e, sozinho em casa, falava em voz alta que desejava largar o mestrado, tornar-me um marinheiro, içar velas, ficar a mercê de ventos. Meu corpo pedia música, e sem consultar minha cabeça que lia então alguma coisa de Nimzowitch, colocou “My aim is true”. A perspectiva de uma noite entediante surgia em todo seu fulgor. Estava no banheiro, fazendo caras assustadoras e engraçadas no espelho quando a idéia surgiu: “e se eu cortasse meus cabelos?”. Amiguinhos, não ficou ruim. Quer dizer, a frente não ficou ruim, atrás não faço idéia. Estou um pouco com cara de louco que acaba de fugir do manicômio, mas sempre tive essa cara mesmo. Saí para rua a testar as reações das pessoas e passei completamente despercebido. Fui num cinema perto de casa ver um filme argentino ruim e olhava fixamente para a moça da bilheteria tentando descobrir uma careta ou um riso contido, mas ela estava preocupada demais em trocar minha nota de dez para perceber algo estranho.

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