Chama-se Pedro Américo. Trata-se de uma via de mão-única estreita, continuação de uma via mais larga, sempre movimentada, parte integrante e inevitável de um dos dois únicos caminhos que ligam o centro à Zona Sul carioca. Às seis da tarde está sempre congestionada. No seu primeiro cruzamento há um sinal que obriga os automóveis a pararem e acelerarem em períodos sincronizados. Prédios residenciais altos, feios, cinzas e beges a cercam do lado direito de quem sobe a rua, e do lado esquerdo há construções antigas, coloridas, com a tinta sempre descascando, ocupadas por comerciantes e entremeadas por outros prédios residenciais, altos, feios, marrons-cor-de-tijolo e brancos – entre os quais inclui o que habito. A poluição dos carros impregna as paredes de alvenaria das construções dando um ar sujo ao ambiente. Os mais variados comércios florescem na região, infelizmente nenhum do tipo que torne uma rua bonita: marcenarias, botecos, igrejas evangélicas, delegacia, concessionária de motos, oficinas, estacionamento, revendedora de bebidas, lojas com material de construção. Há do lado direito da rua uma grande escada que leva em direção a favela de Santo Amaro e está sempre movimentada. Quase sempre há dois jovens sentados nas calçadas de frente a escada, fazendo sinais para alguém lá em cima. Tudo isso há menos de 50 metros da delegacia. Certa vez vi um menino fumar craque por ali. Não era essa droga que causa uma paranóia monstro? As calçadas são estreitas, com postes e fezes (que espero sinceramente serem caninas) por toda parte, e há uma fileira interminável de carros estacionados do lado esquerdo, o que obriga todo grupo a andar em fila indiana, conversando com os pescoços virados para trás. Quase sempre se pode ver velhos e negros subindo e descendo a rua, assim como jovens da classe média sempre carregando sacolas plásticas nas mãos. Todos os dias de madruga, os lixeiros passam com seus caminhões barulhentos levando lixo e garis fazem a limpeza.
sábado, 1 de setembro de 2007
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