A preferência da crítica e do público por Public Enemy em detrimento do De La Soul é um dos fatos que mostra como o mundo é paioso. Quando escutei pela primeira vez “Fight the power” gostei bastante, porque, no meu inglês tosco, achei que “fight the power” era algo como “lute pelo poder” e não “lute contra o poder”. Ainda bem que o americano negro médio é mais inteligente e prefere Obama a Public Enemy.
Bem, já que aqui falo do Public Enemy e mais abaixo falo de opiniões politicamente incorretas, aproveito para juntar os dois temas. Em 1989, Griffin, um dos integrantes do Public Enemy, disse que os judeus eram os responsáveis pela maior parte das merdas que acontecem no mundo. Chuck D o expulsou imediatamente. Ah, ta bom que um grupo tão “politizado” quanto era o Public Enemy não conhecia essas opiniões de Griffin... Por que ele o expulsou então? Ora, para ajudar a limpar a imagem da banda. Como uma banda que se empenhava tanto no combate ao racismo poderia permitir dentro de seu próprio grupo um... racista? Mas depois de alguns anos o readmitiu no grupo. Normal, ué. Se o cara fazia um bom trabalho, era responsável e não fosse insuportável lidar com ele no dia a dia, porque expulsá-lo? Por que ele tem umas opiniões estúpidas? Bem, se este fosse um critério para se desfazer de um membro da banda garanto que só ouviríamos artistas em carreiras solos. Este é um dos maiores males do politicamente correto: querer transformar simples opiniões estúpidas (isto é, as opiniões que os ditos bem-pensantes entendem como estúpidas) em um traço indesculpável de caráter, ou melhor (ou pior?), em crime previsto no código penal. Tudo isso, é claro, pelo amor à liberdade.
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