“Ah! Vocês deviam se orgulhar de mim!” Eu ia escrever um texto que começava assim, mas aí desisti no meio do caminho. Mas gostei do começo, vou deixar. Bem, para não perder totalmente o post vou ajeitar meu cabelo, enseriar (de “tornar sério”) minha face e defenderei pomposamente, embora o argumento seja um tanto óbvio, o capitalismo. Parece-me que o problema todo reside numa confusão que fazem alguns defensores e todos os ofensores deste. O capitalismo é apenas um sistema econômico, ele não é um sistema político, nem ético, muito menos estético, e menos ainda religioso. Quer atacar o capitalismo? Então apresente razões econômicas. Não me venha falar que as bandas indies são mais legais que a Britney ou que o capitalismo deixa as pessoas gananciosas, que ela torna seus corações frios, ou que o dinheiro é o novo deus do mundo, ou que é um absurdo o Sr. Abobrinha querer comprar o castelo Rá-Tim-Bum para destruí-lo e construir um Shopping Center no local. É difícil falar de economia, né? Pois é, então cale a boca e pare de dar seus palpites azedos.
domingo, 27 de janeiro de 2008
sábado, 26 de janeiro de 2008
O crocodilo (2006) - 1.7
Fui ao centro com a intenção de ver três filmes no cinema, mas este me irritou de tal maneira que perdi completamente a vontade de ver os outros filmes.É um desses filmes que quer te fazer rir, chorar e pensar, mas acaba por só te cacetear mesmo. Concordo com a crítica que um dos personagens fez ao filme: tudo o que está ali já se viu em outros lugares, não tem nada de novo ou pessoal. E o final, meu Deus, que final horrível.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Ratatouille (2007) - 8.5
Há algum tempo, folheando livros naquela livraria do Vanessão na UFMG, encontrei uma coletânea de contos infantis de Tolstói. Atrás do livro, na orelha dele, numa introdução, sei lá eu, tinha um textinho contando a seguinte história: Tolstói foi contar uma história para seu netinho de 5 anos. Quando terminou perguntou-lhe se havia gostado. O netinho respondeu que sim, mas que sua babá já havia contado a mesma história antes e que ele preferia a versão dela.
Tolstói então resolveu escrever esta coletânea de histórias infantis, tentando copiar ao máximo o estilo da babá de seu netinho. Lembro de ter lido apenas uma dessas histórias: A tartaruga queria voar. Então ela pediu a águia para levá-la para cima e a soltasse, pois assim ela conseguiria voar. A águia então levou a tartaruga para o céu e a soltou. A tartaruga se esborrachou no chão.
Fiquei pensando que uma história moderna daria um jeito de fazer a tartaruga voar, ela construiria uma máquina, recorreria a uma fada, algo assim. É uma das diferenças de nosso tempo. Eles educavam as crianças para ter contato desde cedo com a realidade, construíam adultos responsáveis. Nós iludimos nossas crianças, construímos uma bolha em volta dela e produzimos adultos cínicos, desiludidos e mimados. Talvez por isso odiemos tanto a realidade e queiramos tanto voltar ao mundo encantado da infância.
Mas enfim, tudo isso só pra dizer que ratatouille vai um pouco na contramão dos tempos modernos, mas não é tão explícito, uma pena. No começo o “anyone can cook” parecia indicar que todo mundo poderia cozinhar, mas no final quer dizer apenas que um bom cozinheiro pode vir de qualquer lugar, não há um tipo definido. Pode ser até um rato.
Eu gostei, viu? É divertido pacas. A cena do crítico Ego comendo o ratatouille (um prato de camponeses) é impagável. Muito bom mesmo. E no fim *spoiler spoiler spoiler* quando Ego deixa de ser o vilão da história e passa ser “um dos nossos” é muito boa também. É um crítico severo, mas honesto. É legal quando o elitismo, embora meio antipático, não apareça como uma posição monstruosa.
Tolstói então resolveu escrever esta coletânea de histórias infantis, tentando copiar ao máximo o estilo da babá de seu netinho. Lembro de ter lido apenas uma dessas histórias: A tartaruga queria voar. Então ela pediu a águia para levá-la para cima e a soltasse, pois assim ela conseguiria voar. A águia então levou a tartaruga para o céu e a soltou. A tartaruga se esborrachou no chão.
Fiquei pensando que uma história moderna daria um jeito de fazer a tartaruga voar, ela construiria uma máquina, recorreria a uma fada, algo assim. É uma das diferenças de nosso tempo. Eles educavam as crianças para ter contato desde cedo com a realidade, construíam adultos responsáveis. Nós iludimos nossas crianças, construímos uma bolha em volta dela e produzimos adultos cínicos, desiludidos e mimados. Talvez por isso odiemos tanto a realidade e queiramos tanto voltar ao mundo encantado da infância.
Mas enfim, tudo isso só pra dizer que ratatouille vai um pouco na contramão dos tempos modernos, mas não é tão explícito, uma pena. No começo o “anyone can cook” parecia indicar que todo mundo poderia cozinhar, mas no final quer dizer apenas que um bom cozinheiro pode vir de qualquer lugar, não há um tipo definido. Pode ser até um rato.
Eu gostei, viu? É divertido pacas. A cena do crítico Ego comendo o ratatouille (um prato de camponeses) é impagável. Muito bom mesmo. E no fim *spoiler spoiler spoiler* quando Ego deixa de ser o vilão da história e passa ser “um dos nossos” é muito boa também. É um crítico severo, mas honesto. É legal quando o elitismo, embora meio antipático, não apareça como uma posição monstruosa.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
"Um pouquinho de metafísica não faz mal à ninguém" ou "Tudo bem, vão em frente, podem me internar"
Bergson nos diz, em algum lugar de “O pensamento e o Movente”, que nosso cérebro explica apenas uma pequena parte de nossa vida espiritual. O que o cérebro faz é o seguinte, ele escolhe quais memórias o espírito deve examinar para uma determinada questão, mas não explica de onde vem esse conjunto de memórias. Em certo sentido, a função do cérebro é fazer o espírito pensar menos
Ora, se assim for, ele nos diz, algo de nosso espírito sobrevive à morte, ou pelo menos não deve morrer necessariamente. Para ele, porém, deveríamos parar aqui, não podemos ir além e dizer que a vida após a morte é eterna ou que tipo de vida é essa.
Mas para que tanto comedimento num blog, não é mesmo? Pensando na questão, conclui que, se assim for, é o cérebro que faz nosso espírito se adequar a duração, mas este vive num mundo sem tempo, onde todas as coisas são pensadas\vividas simultaneamente. Isso explicaria a dificuldade da mente em lidar com o mundo material, que é movente e durável, já que ela é estrangeira a esse mundo, seu lar é o do repouso e da simultaneidade.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Dêniels e eu criamos uma nova ocupação para quem teve a infeliz idéia de se formar em filosofia: criador de categorias filmíticas-metafísicas. Eis alguns exemplos:
Terror cósmico
Drama essencial (o drama existencial já é um clichê).
Suspense substancial
Aventura fenomenológica
Documentário crítico
Comédia modal
Erótico-dualista
Animações-panteístas
Romance-temporal
Policial-determinista
Ficção científica-materialista
Histórico-dialético
Político-causal
Westerns-monistas
Terror cósmico
Drama essencial (o drama existencial já é um clichê).
Suspense substancial
Aventura fenomenológica
Documentário crítico
Comédia modal
Erótico-dualista
Animações-panteístas
Romance-temporal
Policial-determinista
Ficção científica-materialista
Histórico-dialético
Político-causal
Westerns-monistas
Nenhuma opinião sobre os possíveis presidenciáveis (presidenciaveisáveis?) dos EUA. Mas numa coisa o Reinaldo de Azevedo tem razão, esse papo de Obama como um símbolo da Nova América já encheu o saco. Político não tem que ser símbolo de nada. O último país que resolveu eleger um símbolo como presidente foi o Brasil. E olha no que deu.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Estava dentro do ônibus quando entrou alguém. Era grande, vestindo minissaia e blusa top. Pernas bonitas e depiladas, barriga lisa, corpo violão. Era, porém, grande demais, sua constituição forte demais. A primeira impressão que ela dava era que te arrebentaria numa porrada. Antes mesmo de ver seu rosto percebi que era um travesti. Ao vê-lo a suspeita se confirmou, sua face era quadrada demais, e o pior, era alguém naturalmente barbado, que por mais que se esforçasse, não conseguiria disfarçar a pele áspera.
É triste. É difícil. Provavelmente ele tem um ideal feminino para si mesmo e tentou realizá-lo. É complicado, pois não devemos simplesmente abolir o ideal. O ideal é a vantagem e o problema do ser humano. Graças ao Ideal construímos a liberdade, a misericórdia para os fracos, a tolerância com o diferente, o sentimento religioso, a civilização, o comportamento ético, a arte e o sexo tântrico. No entanto, graças ao ideal também, criamos o nazismo, o comunismo, o suicídio e os travestis.
Tive vontade de ir lá falar com ele. O que dizer a um travesti? “Parabéns, cara. Você tentou o melhor que pode. Está realmente fantástico. Mas você não conseguiu. Na verdade, está longe de conseguir. Olhe esta menina, por exemplo. Não é bela e nem se esforça, e no entanto, ela conseguiu. Conseguiu porque é, está na natureza dela conseguir. Não está na sua.”
No entanto, é tão difícil. Do lado de fora é fácil. Apontamos para eles e dizemos: “vocês não conseguiram. Se conformem. Tentem outra coisa. Este ideal não é para vocês. Sejam o que vocês são, busque um ideal que está a sua altura”. Do lado de dentro, porém...tão difícil saber qual ideal está a sua altura, qual excelência pode te pertencer.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Desejo e reparação (2007) – 8.8
Confissão 1: Nunca li Jane Austen
Confissão 2: Nunca li Ian McEwan
Tese sem fundamento algum 1: Joe Wright é talvez o melhor diretor para adaptação de livros ao cinema da atualidade. Ele tem conhecimento da linguagem cinematográfica, das limitações e das forças destas. Ele dispensa narração. Narração é para livros, exercício solitário onde deixamos rolar frases e idéias em nossos cérebros, de um lado para o outro, sem preocupação alguma, apenas curtindo alguns momentos de pura introspecção e apreciação estética. Não tem nada a ver com cinema, espetáculo coletivo, com um ritmo que se impõe e não aceita negociação. Quase todas as adaptações não conseguem abandonar o livro. Joe Wright faz isto com facilidade. E por isso é tão bom. Tal tese se demonstra absurda pelas confissões 1 e 2.
Tese sem fundamento algum 2: Joe Wright é a mente cinematográfica de Jane Austen. Seu cinema é leve, sereno, divertido, cavalheiresco, inglês e verdadeiramente feliz. Seus personagens são todos amigáveis e charmosos. Mesmo a plebe, mesmo aquela enfermeira lá, amiga de Brionny Talles que aparece já no fim do filme, que confessa ser sem mistério, e o é mesmo, todos parecem pessoas legais, companhias ideais para um fim de semana num sítio. Isso é muito bom, seus filmes são tão agradáveis por isso, acho. Tal tese é absurda pela confissão 1.
Tese sem fundamento algum 3: Ian McEwan é um grande criador de histórias e imagens poderosas. Brionny Tallis, por exemplo: culpada por sua inocência. Garota introspectiva de 13 anos de idade, não entende o que acontece a seu redor, toda a animalidade da sensualidade, e não entende o que acontece em seu interior também, não conhece sua própria sensualidade e animalidade. E sem entender nada, sem base alguma, ela deve julgar e julga mal. E não há desculpas para ela. Ela é como Édipo, o fato de ser inocente não a torna menos culpada. (Agora vou falar um pouquinho do final do filme nessa tese, talvez fosse melhor você pular de tese, seu desavisado que ainda quer ver o filme) No fim do filme, ela está lá, já velha, prestes a morrer, e ainda deve pagar contas pelo que fez. Seus atos são irreversíveis, ela deseja reparar, ela tenta reparar, mas sua reparação, ainda que comovedora, é risível e absolutamente inútil. Esta tesa é absurda pela confissão 2.
Tese sem fundamento algum 4: É impossível não gostar desse filme. Trata-se de um grande cineasta filmando uma grande história. Esta tese se funda nas teses sem fundamento 2 e 3.
Tese sem fundamento algum 5: Joe Wright se dá melhor com Jane Austen que com Ian McEwan. Demonstração: A descrição exposta na tese sem fundamento algum 2 é incompatível com alguém cujo apelido é Ian Macabro. Demonstração 2 (aqui falo um tanto do fim do filme, então, novamente, pule de tese): Já no fim do filme, quando Brionny pede perdão a Robbie, este, depois de xingá-la e quase avançar nela, dá uma lista de tarefas para ela fazer. Ela aceita e começa a dizer, num ritmo poético, algo com “Eu sinto muito. Eu me arrependo do que fiz. Eu sinto tanto, tanto, tanto”. Ele a interrompa “apenas faça o que pedi, diga o que pedi, sem floreios, sem rimas”. É bem provável que o livro de McEwan seja assim também, sem floreios, sem rimas, é o estilo que melhor combina com a história. Trata-se aqui de como, no fundo, o plano da intenção é irrelevante, o que importa são os fatos. Mas o cinema de Wright é incompatível com tal descrição. Há floreios, há rimas por toda parte. O que é melhor? Não sei. Mas o estilo acaba por enfraquecer um pouco a história. É como se o Animal Collective fizesse uma cover de Joy Division. Gosto muito de ambos, iria dar algo interessante, mas, é claro, imperfeito, remendado em alguma medida. Esta tese é absurda pelas confissões 1 e 2.
Observação irrelevante 1: Por que acrescentaram o “Desejo” na tradução? Suspeito apenas para “avisar” o leitor que se trata do mesmo diretor de “Orgulho e preconceito”.
Confissão 2: Nunca li Ian McEwan
Tese sem fundamento algum 1: Joe Wright é talvez o melhor diretor para adaptação de livros ao cinema da atualidade. Ele tem conhecimento da linguagem cinematográfica, das limitações e das forças destas. Ele dispensa narração. Narração é para livros, exercício solitário onde deixamos rolar frases e idéias em nossos cérebros, de um lado para o outro, sem preocupação alguma, apenas curtindo alguns momentos de pura introspecção e apreciação estética. Não tem nada a ver com cinema, espetáculo coletivo, com um ritmo que se impõe e não aceita negociação. Quase todas as adaptações não conseguem abandonar o livro. Joe Wright faz isto com facilidade. E por isso é tão bom. Tal tese se demonstra absurda pelas confissões 1 e 2.
Tese sem fundamento algum 2: Joe Wright é a mente cinematográfica de Jane Austen. Seu cinema é leve, sereno, divertido, cavalheiresco, inglês e verdadeiramente feliz. Seus personagens são todos amigáveis e charmosos. Mesmo a plebe, mesmo aquela enfermeira lá, amiga de Brionny Talles que aparece já no fim do filme, que confessa ser sem mistério, e o é mesmo, todos parecem pessoas legais, companhias ideais para um fim de semana num sítio. Isso é muito bom, seus filmes são tão agradáveis por isso, acho. Tal tese é absurda pela confissão 1.
Tese sem fundamento algum 3: Ian McEwan é um grande criador de histórias e imagens poderosas. Brionny Tallis, por exemplo: culpada por sua inocência. Garota introspectiva de 13 anos de idade, não entende o que acontece a seu redor, toda a animalidade da sensualidade, e não entende o que acontece em seu interior também, não conhece sua própria sensualidade e animalidade. E sem entender nada, sem base alguma, ela deve julgar e julga mal. E não há desculpas para ela. Ela é como Édipo, o fato de ser inocente não a torna menos culpada. (Agora vou falar um pouquinho do final do filme nessa tese, talvez fosse melhor você pular de tese, seu desavisado que ainda quer ver o filme) No fim do filme, ela está lá, já velha, prestes a morrer, e ainda deve pagar contas pelo que fez. Seus atos são irreversíveis, ela deseja reparar, ela tenta reparar, mas sua reparação, ainda que comovedora, é risível e absolutamente inútil. Esta tesa é absurda pela confissão 2.
Tese sem fundamento algum 4: É impossível não gostar desse filme. Trata-se de um grande cineasta filmando uma grande história. Esta tese se funda nas teses sem fundamento 2 e 3.
Tese sem fundamento algum 5: Joe Wright se dá melhor com Jane Austen que com Ian McEwan. Demonstração: A descrição exposta na tese sem fundamento algum 2 é incompatível com alguém cujo apelido é Ian Macabro. Demonstração 2 (aqui falo um tanto do fim do filme, então, novamente, pule de tese): Já no fim do filme, quando Brionny pede perdão a Robbie, este, depois de xingá-la e quase avançar nela, dá uma lista de tarefas para ela fazer. Ela aceita e começa a dizer, num ritmo poético, algo com “Eu sinto muito. Eu me arrependo do que fiz. Eu sinto tanto, tanto, tanto”. Ele a interrompa “apenas faça o que pedi, diga o que pedi, sem floreios, sem rimas”. É bem provável que o livro de McEwan seja assim também, sem floreios, sem rimas, é o estilo que melhor combina com a história. Trata-se aqui de como, no fundo, o plano da intenção é irrelevante, o que importa são os fatos. Mas o cinema de Wright é incompatível com tal descrição. Há floreios, há rimas por toda parte. O que é melhor? Não sei. Mas o estilo acaba por enfraquecer um pouco a história. É como se o Animal Collective fizesse uma cover de Joy Division. Gosto muito de ambos, iria dar algo interessante, mas, é claro, imperfeito, remendado em alguma medida. Esta tese é absurda pelas confissões 1 e 2.
Observação irrelevante 1: Por que acrescentaram o “Desejo” na tradução? Suspeito apenas para “avisar” o leitor que se trata do mesmo diretor de “Orgulho e preconceito”.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Albergue espanhol (2002) - 7.6
Rapaz, melhor do que esperava. Pela nota vê-se que eu não esparava muito, né? Escrevi um texto gigantesco sobre a minha geração, mas Deus, em sua infinita bondade e misericórdia, me iluminou e me fez perceber que meu texto era uma bosta. Um raro momento de lucidez. Se se tornarem constantes é bem provável que nunca mais atualize o blog, mas enfim. Então é só, pessoal. Até amanhã.
Pergunta o leitor indignado: mas por que raios você escreveu este post? Finge comentar um filme, que pela nota é absolutamente mediano, mas na verdade não diz absolutamente nada de nada. Para quê, meu Deus?
Respondo: Sei lá. Decidi dar nota para todo filme que eu ver esse ano. Desculpe-me.
Pergunta o leitor indignado: mas por que raios você escreveu este post? Finge comentar um filme, que pela nota é absolutamente mediano, mas na verdade não diz absolutamente nada de nada. Para quê, meu Deus?
Respondo: Sei lá. Decidi dar nota para todo filme que eu ver esse ano. Desculpe-me.
domingo, 13 de janeiro de 2008
A argumentação é simples: quanto mais canais de TV, mais opiniões, mais informação, maior o número de idéias, ideologias e julgamentos, o que culminaria numa maior liberdade de imprensa e conseqüentemente num fortalecimento da democracia e de nossas instituições. Por isso a importância de uma rede de televisão do governo.
Certo?
Errado.
Ontem, vendo a TV Brasil, me deparo com pessoas debatendo o fechamento da RCTV venezuelana. Havia algumas ressalvas, mas no geral as pessoas estavam encantadas com as ações ditatoriais do governo de Hugo por qué no te callas Chaves. Uma muié chegou a dizer que tais ações provocaram um vivo debate na sociedade venezuelana e por isso haveria maior liberdade de opinião por lá do que por aqui.
“Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não; pois o que passa daí vem do maligno”
Há certas opiniões divergentes que não visam somar, mas subtrair. Quando expressas contribuem para um diminuição do número de opiniões, não para o seu acréscimo. Elas não contribui para a maior liberdade de imprensa, muito menos para o fortalecimento da democracia e de suas instituições, mas antes para o fim dessas. Que tais opiniões sejam expressas num canal que representa nosso governo é algo com o qual devemos nos preocupar.
sábado, 12 de janeiro de 2008
Hoje, vendo um desses programas culturais que são transmitidos por canais educativos, aprendi algumas coisas sobre o inicio da Revolução Industrial. Em algum lugar da Inglaterra, um sujeito inventou uma máquina movida a força d’água que permitia fazer roupas numa velocidade cerca de mil vezes maior que a anterior.
Lembrei-me então de Os Mímicos, de Naipaul, que li ano passado. Alguém lá tinha uma teoria que separava os seres humanos em três categorias. Os americanos de visão curta, os europeus de visão média e os orientais de visão longa. Os americanos foram impedidos de alcançar o desenvolvimento dos europeus por não conseguirem pensar seriamente no futuro. Já os orientais não o alcançaram por não conseguirem fazer outra coisa além de pensar seriamente no futuro.
Lembrei-me desta teoria porque, no momento em que recebi tais informações sobre a Revolução Industrial, a primeira coisa que pensei foi que a desgraça de tudo é que diante de tal invenção o sujeito pensou “Uau! Inventei uma maneira de ganhar mil vezes mais dinheiro!” ao invés do natural “Uau! Inventei uma maneira de trabalhar mil vezes menos!”.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Modinhas
Meu blog é novo, passo uns dias sem escrever nada aqui e fico angustiado, pensando “acabou? era só isto? acabou? acorda cabecinha, acorda!”. Bem, como ela não acorda vou só comentar um texto de Pedro Mendes que vi na Atlântico. Eis o trecho:
“Devo dizer que estou de acordo com a lei do fumo. Não é uma invenção de José Sócrates – é um dos traços do Progresso Ocidental - e se não fosse implementada este ano seria noutro qualquer.”
Caramba, agora até a histeria antitabagista faz parte do Progresso Ocidental (assim mesmo, com maiúsculas), um acontecimento inexorável da humanidade. Intelectual não tem jeito mesmo, gosta de teorias, de inevitabilidades... Que se goste de leis anti-tabagistas, vá lá. Só não queiram fazer isso parecer a proposição XLIII da Ética spinozista.
“Devo dizer que estou de acordo com a lei do fumo. Não é uma invenção de José Sócrates – é um dos traços do Progresso Ocidental - e se não fosse implementada este ano seria noutro qualquer.”
Caramba, agora até a histeria antitabagista faz parte do Progresso Ocidental (assim mesmo, com maiúsculas), um acontecimento inexorável da humanidade. Intelectual não tem jeito mesmo, gosta de teorias, de inevitabilidades... Que se goste de leis anti-tabagistas, vá lá. Só não queiram fazer isso parecer a proposição XLIII da Ética spinozista.
domingo, 6 de janeiro de 2008
Morte no funeral (2007) 7.4
Qual o meu problema com comédias? Acho que é a televisão. Seus seriados enlatados banalizaram o gênero. É um filme engraçado e só. Digo “e só” como quem diz, “tinha que ter mais, não?”. Não sei se tinha que ter mais não. Mas é que fica uma certa sensação de já-vi-episódios-de-enlatados-ou-do-south-park-melhores-que-esse-filme.
O sobrevivente (2006) - 7.8
Todo o filme tem esse gosto de já vi antes, mas é tão bem feito que parece ter algo novo. É como um prato do dia-a-dia: arroz, carne, salada, batatas, suco, mas tão bem temperado que é melhor que muita comida chique por aí.
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