terça-feira, 16 de outubro de 2007

Em geral, os jovens mudam de cidade procurando, entre outras, ter novas experiências, amadurecer. Foi assim também comigo, mas tenho de reconhecer: o Rio está me infantilizando.

Por exemplo, ando vendo uma quantidade inacreditável de episódios do Bob Esponja e de um desenho (não sei o nome) que passa no SBT sobre uma garota que tem super poderes e lida com um mundo secreto cheio de monstros, dragões, vilões e burocratas do mundo encantado. Tenho também comido mais biscoitos (escrevo este post comendo Trakinas e tomando coca sem gás) e danetes, tenho estado mais solitário, mais feliz e despreocupado.

O principal, porém, é que nunca estive tão desocupado, tão vagabundo, tão preguiçoso. Creio atualmente que uma vida realmente boa e bela só aceita, se muito, as obrigações auto-impostas. O professor passa textos para ler e eu esperneio, não leio, leio de qualquer jeito, com um dos olhos no computador, na Internet, pensando no meu momento de folga. O trabalho nunca me pareceu tão vulgar. Esses dias tirei um extrato da minha conta corrente e pude observar todos aqueles centavos retirados pelo banco de minha parca fortuna e imediatamente pensei que os banqueiros, tão empoados, tão importantes, não eram menos vulgares que os flanelinhas “aí tio, deixa eu ficar de olho no seu dinheirinho aí? Qualquer dois real paga.” Porém, se o trabalho sempre me pareceu vulgar, trabalhar com filosofia me parecia menos vulgar que o normal. Quão inocente eu era! Poucas coisas são mais vulgares que ler um livro de filosofia, não porque você está interessado naquilo, mas só porque alguém mandou. E iniciar uma pesquisa, escrever um artigo, dar uma aula, só para cumprir com suas obrigações acadêmicas? Meu Deus, isso me parece tão tosco!

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