segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Em Memórias de duas jovens esposas de Balzac há um personagem que é preso pelas forças russas durante as guerras napoleônicas e é solto anos depois, mas tem que voltar por sua própria conta para França e fica vagando pelo leste europeu por quatro anos. Parece que tal foi inspirado numa pessoa real. Fiquei pensando sobre este caso e como ele explica a ruindade das artes feitas no Brasil. Nossa história é o cúmulo do desinteressante e do caricato, serve no máximo como cenário para comédias. E no entanto todos querem ser sérios. Pense no estado atual do Brasil, por exemplo. Tudo perdidamente ruim e desgraçado, mas é de uma ruindade e de uma desgraça incapazes de drama. O sublime e o Lula são incompatíves. Outro exemplo, a ditadura militar no cinema. Mais da metade dos filmes nacionais se passam na virada dos anos 60 e 70. Mostra-se a ditadura como se fosse o inferno na Terra, mas a verdade é que foi uma ditadura bem chinfrim. Devem ter morrido mais pessoas em filmes brasileiros sobre tal período que pessoas reais pelas mãos da ditadura. Mas o que se pode fazer? Vai filmar que outro período, pensa só, o único concorrente da ditadura é o Cangaço.

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