sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Vênus – 2006 – Nota: 7.3

O filme tem um bom texto, um bom começo, um bom final. Mas não é um bom filme.

Se você está fazendo um filme, você é Deus. E um Deus cartesiano. Ou seja, você tem não apenas o poder de criar os cenários, os personagens, as cenas, mas também tem o poder de criar valores morais. Você decide o que é bom e o que é ruim. Eu, aqui, do lado da poltrona, estou esperando a sua catequese. É claro, posso até gostar do filme sem comprar sua moral. Mas só posso gostar de um filme – em especial filmes que não são comédias – que tenha uma moral. No caso deste filme, fiquei com a impressão que o diretor queria apenas narrar uma história fazendo de tudo para fugir da questão moral. O problema é que a história do filme só é interessante por conta do seu problema moral. Essa assepsia torna o filme bastante insosso. No fim das contas não sei se a história é sobre um velho patético e triste ou sobre um velho heróico e feliz. É bem provável que o diretor queria mostrar equanimente os dois lados. Porém, se essa neutralidade é um porre no jornalismo, no cinema é um pecado mortal.

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