quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Os dez livros que me deram mais prazer em 2007

10 - Memórias de duas jovens esposas – Balzac

Duas jovens mas velhas amigas trocam correspondências no começo do século XIX, narrando suas vidas de recém-casadas. Ambas são felizes a seus modos e permanecem assim durante 80% do romance. E o desgramado do Balzac transforma uma história assim em algo que você começa a ler e não consegue mais parar.

9 – Leibniz´s theory of relations – Massimo Mugnai

Como se trata da lista dos dez livros que mais gostei de ler, e não dez livros que recomendo, incluo este. Recomendo mesmo só para quem estuda Leibniz ou se interessa pela questão da fundamentação ontológica das relações. De qualquer forma, foi uma grande prazer encontrar uma interpretação de Leibniz que aproximou-se tanto da verdade, ou seja, que aproximou-se tanto da minha interpretação.


8 - Os Buddenbrooks – Thomas Mann

Para falar a verdade tem umas partes em que fiquei entediado. Mas em suas melhores partes, meu Deus, que livro bom. A terceira e a quarta parte valem o livro. E no fim tem uma descrição de um dia na vida de um jovem de quinze anos que serve, simultaneamente, para destruir e realimentar nossas saudades desse tempo.

7 – A Marca Humana – Philip Roth

Vale a pena mesmo pelo começo e por uma discussão, lá pelo meio do livro, entre Coleman Silk e Delphine Roux sobre duas visões conflitantes de universidade e do mundo. Mas diferentemente dos Buddenbrooks não há nenhuma parte entediante. Pau dentro do começo ao fim.

6 – São Tomás de Aquino – Chesterton

Coisa fina. Tenho que ler mais coisas como essas, escritores falando diretamente de filosofia. Aqui Chesterton defende uma superioridade de Aristóteles sobre Platão e da doutrina católica tomista e medival sobre a teologia dos patriarcas da Igreja. E ainda tem umas anedotas bastante divertidas sobre a vida desse moço.


5 – O castelo – Kafka

É uma pena esse livro ser inacabado. Com uma premissa que um bom escritor dificilmente conseguiria construir uma novela que não fosse entediante, Kafka faz um romance que, incompleto, possui mais de trezentas páginas e dói terminá-lo. Para mim é melhor que “O processo”. Pronto, falei.

4 - O significado de significado – Hilary Putnam

Peter Burge expõe o mesmo problema de um ângulo mais interessante e dá uma resposta melhor que a de Putnam sobre o problema em “O individualismo e o mental”. No entanto Burge nem aparece na minha lista, por quê? Simples, Burge é chato e Putnam é legal. Foi este o livro de filosofia mais importante do ano para mim só porque me mostrou que é possível escrever filosofia de maneira divertida, clara e profunda.

3 – Amor e exílio - Isaac Singer

Talvez nunca tenha me identificado tanto quanto com um personagem quanto com o próprio Isaac Singer nesses escritos autobiográficos que descrevem a infância até os trintas anos deste. Não sei se o livro é tão bom assim, mas poucas vezes li algo com tanta intensidade.

2 - Os frutos da terra – Gide

Eita, esse livro me tirou de órbita, viu? Que vontade de viajar e viver como um andarilho que me deu. Se algum dia enlouquecer e fizer isso a culpa é do Gide. Caralho, como esse livro é bom. As partes iniciais são inacreditáveis de bom, inspiração pura. Você lê aqueles poemas e não quer mais nada da vida. Depois cai um pouco. Aí tem os textinhos finais, excepcionais, fantásticos, mágicos. Fim da primeira parte. A segunda parte é meio Frankstein, tenta conciliar o epicurismo da primeira parte (escrita quase 30 anos antes) com o catolicismo posterior do autor. Acaba numa espécie de espinosismo, meio confuso, achei. O livro deixa de ser principalmente poético e se torna mais ensaístico. Mas é bom, há trechos excelentes nessa segunda parte também.

1 Ana Karenina – Tolstói

São de setecentas a mil e poucas páginas de prazer delirante. Você lê, lê, lê e não se cansa. Quer mais. Quando acaba dá vontade de chorar, de começar de novo. Como pode? Não sei. É inacreditável mesmo. E Liêvin é outro personagem com quem me identifiquei. Talvez tenha sido com esse livro, lido ainda em janeiro de 2007, que comecei a pensar em morar na roça.

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