domingo, 30 de dezembro de 2007

Um dos grandes mistérios do século XX é como toda uma nação, e uma nação tão culta como a alemã, sucumbiu ao nazismo. Seria a natureza humana tão ruim a ponto de ser convertida facilmente a uma doutrina tão sanguinária? Acho que a solução do mistério é mais banal que isso.
Estamos tão acostumados a falar negativamente do governo de Hitler (e claro, há milhões de razões para isso) que esquecemos os poucos aspectos positivos dele. O maior deles, sem dúvida, foi a questão econômica. Hitler pegou um país quebrado, com uma inflação tão absurdamente gigantesca que praticamente inviabilizou o uso de papel-moeda, transformando- novamente num país rico e poderoso, tão poderoso que podia sair por aí invadindo outros países, afrontar as outras potências e fazer guerra com o mundo inteiro.

O povão não está interessado em grandes idéias ou ideais. Ele quer saber se tem pão na mesa. Tinha pão antes de Hitler? Não. E depois de Hitler? Tem pão e manteiga, quiçá até presunto. Provavelmente, a maior parte do povo alemão devia pensar “Tenho nenhuma opinião quanto os judeus não. Se esses caras tão sabidos estão falando que os judeus têm culpa, então alguma coisa eles devem ter feito, embora eu não faço a menor idéia do que seja”. Outro pensava “É isso mesmo! Os judeus mataram Cristo! Eles merecem uma punição”. Uma outra parte repetia irrefletidamente o que outras pessoas diziam, como os estudantes universitários igualando Bush e Bin Laden. Outros pensavam “Eles estão apenas agrupando-os num local que é melhor que a habitação de muita gente. Nem acho que é certo, mas não é tão grave. O que importa é que agora todo mundo tá comendo”. O povão não sabia o que era um campo de concentração. Achavam que estavam transferindo os judeus para ajudarem nos esforço de guerra, e não para matá-los sistematicamente. Uma minoria apoiaria as idéias de Hitler quanto aos judeus.
O que quero dizer é que a popularidade de Hitler era alta pelo seu sucesso na economia. A questão dos judeus era irrelevante. A maioria dos alemães nem conhecia um judeu. Não fazia diferença alguma para eles se Hitler os premiasse ou os matasse. Alguém já disse, não sei quem, que o povo tem vocação para servo. Dê-lhes alguma segurança e você os tem.
O mesmo se passou no Brasil há um tempo atrás – numa escala muito menor, é verdade. Não sou esse tipo de louco que gosta de confundir as coisas e igualar o Lula a Hitler. Mas há uma certa simetria na relação de ambos com o povo de seu país. O povo brasileiro sabe, claro, que este governo está entupido pela corrupção. Mas não se interessam. O que importa é que há pão na mesa.
Alguém pode lembrar que pão na mesa não é pouca coisa. Concordo integralmente. Só queria mostrar o que a covardia e a tendência para servidão do povão podem fazer. E na democracia, aka o governo de povão, estes sentimentos devem ser sempre vigiados e, de alguma forma, minorados.

Um comentário:

Anônimo disse...

O teu comentário é absurdo. Qualquer pessoa pode por pão na mesa se roubar aos outros. Isso não faz delas génios da economia. Ignoras a passividade das pessoas e isso sim continua presente nos dias de hoje. Cada vez mais as pessoas ignoram a vida política e pensam que têm tudo garantido. Isso dá lugar a governos com ideologias tão preconceituosas como a que Hitler liderou. A democracia a 50% não é democracia, é uma ditadura com a duração de um mandato.