segunda-feira, 11 de maio de 2009

Maconha. Que palavra feia! Maconha. Sou contra a legalização da maconha apenas porque se ela fosse legalizada ficaríamos um mês ou mais ouvindo e participando de discussões onde a palavra “maconha” seria recorrente. E depois corria o risco dela se popularizar e então ouviríamos “maconha” com a mesma freqüência que “cerveja”. “Cerveja” é uma palavra bonita. Cerveja. Maconha. Maconha me lembra inconha. Tem uma cidade no Espírito Santo que se chama Inconha. Se o nome da cidade é inconha, quem sou eu para contestar? Descobri isso numa dessas viagens ao litoral capixaba que nós mineiros tanto gostamos. O que é um mistério, porque o Rio de Janeiro está a mesma distância mas preferimos Guarapari, Vila Velha, Piúma ou Inconha. Um primo meu certa vez namorou uma capixaba. “Certa vez” é ótimo porque fica parecendo algo que ocorreu há dez anos, mas eles devem ter terminado a menos de um ano. Se não me engano essa menina era de Vitória. E lá havia preconceito contra mineiros. Mineiro é brega, sem educação, houve o som no talo, é chato, é bêbado, é desonesto, pilantra, viado, corno, filho da puta. O que é um dos preconceitos com mais boa razão que conheço. Também não gosto de mineiros. Mudei pro Rio e conheci cariocas, mas também não gostei deles (com exceção de uma). Não gosto de pessoas em geral. Pessoas são chatas, são sempre um problema. Somos todos como o agrimensor K. chegando numa cidadezinha e perturbando a ordem. Deslocamos as empregadas que agora tem que dormir no chão, outros nos oferece um emprego bobo e inútil num colégio, apenas para nos fazer um favor. Ficamos sem graça, sorrisinhos amarelos, mas nada podemos fazer. Pessoas são chatas, eu dizia. Se você é uma pessoa, me desculpe, mas alguém tinha que dizer isso na sua cara. Aprume -se! Tome jeito! Ninguém mais suporta você! Pessoas, por exemplo, ocupam espaço. Quer coisa mais irritante que ocupar espaço? Imagina, você compra uma passagem noturna num ônibus para uma viagem estadual. Você entra todo distraído no ônibus e, quando menos espera, tem uma pessoa do seu lado! Uma pessoa que ocupa espaço! Podia ser tanto uma idéia ou o ar! Dizem que o ar ocupa espaço, deve ser verdade, mas ele é educado e se retira para você passar. Pessoas não, porque pessoas, além de ocuparem espaço, são sólidas! Se ao menos fossem gasosas como o ar! Eu gosto do ar. Gosto de sair de casas de show lotadas, um pouco suado, e então sentir o ar gelado batendo. Ou então sair de casa de noite e sentir o ar frio da madrugada. Muito legal fazer isso, principalmente em roça. Aquele filme, o Beleza Americana, tem uma cena muito boa em que se fala da beleza do ar antes da tempestade. De fato é muito bonito o ar. Ele é invisível e ainda consegue ser bonito, ao contrário da maioria das pessoas, que são visíveis e feias. Por isso não consigo entender pessoas que pedem um pastel de queijo e reclamam dizendo que aquilo que foi oferecido, na verdade, é um pastel de ar. Deveriam estar felizes, gratas! Eles são pessoas, meu Deus! Quem são eles para reclamar do ar!? Meu pai, que é o Anaxímenes de Mileto nas horas vagas, me disse uma vez, quando era pequeno, que Deus era o ar. Estava em todo lugar e ninguém o via. Todos o ignoravam e sem ele ninguém vivia. Sim, Deus é como o ar. Deus criou o ar a sua imagem e semelhança.

4 comentários:

.Marcelly disse...

Cariocas são bacanas, são exxxpertos!

As pessoas, embora sejam chatas, são divertidas. Até seu ridículo nos alegra!

m. reis disse...

cara, isso tudo é porque não te deixaram voltar pra calourada que estava super cheia de gente, maconha e cerveja?

Anônimo disse...

Sou Carioca, mas estou morando em Belo Horizonte, a mineirada daqui tem um recalque ferrenho contra o Rio e os cariocas, comigo nunca vieram com alguma gracinha, afinal, o carioca e que era pra ter um forte preconceito contra os mineiros, ja que esse povo forma a segunda maior colonia de imigrantes no Rio, ajudando a povoar ainda mais as favelas, junto com os nordestinos.

.Marcelly disse...

TU-DO o comentário do anônimo!