terça-feira, 5 de maio de 2009

Melhores Álbuns - 1980




Conheci Joy Division pelos seus singles mais famosos: “Love will tear us apart” e “Atmosphere”. Um tempo depois uma amiga minha me emprestou este álbum. Minhas expectativas eram grandes e específicas. Grandes porque esperava um dos melhores álbuns de todos os tempos, no que não fui frustrado. Específicas porque esperava ouvir o álbum mais sombrio e deprimente da banda mais sombria e deprimente de todos os tempos. Por que? Joy Division é um tanto sombrio, a começar pelo nome. Por trás da aparente inocência, “Divisão da alegria” era o nome que os nazistas davam para uma certa região de um campo de concentração onde as judias se prostituíam em troca de comida. A referência a movimentos fascistas continua nas letras e também no visual da banda, a ponto de alguns acharem que os integrantes da banda eram realmente nazis. Besteira. Ian Curtis, o vocalista, sofria de epilepsia e de vez em quando sofria ataques reais tocando nos shows. O jeito que ele inventou de dançar, balançando os braços freneticamente (dança depois copiada pelo Renato Russo) era uma maneira de zombar da própria doença. E dessa banda um tanto sombria vinha o Closer. O álbum foi gravado na segunda metade de março de 1980 e lançado em julho do mesmo ano. Nesse intervalo, em maio de 1980, Curtis se enforca com um arame. A capa do álbum é uma fotografia de uma tumba italiana.

Bem, o ponto é que, um tanto surpreendentemente, essa minha segunda expectativa foi frustrada. É claro, uma banda como Joy Division não conseguiria produzir um álbum ensolarado. Mas Closer está longe de ser um paradigma de álbum deprimente e triste. Sim, é certo que é o álbum de um vocalista à beira de se matar, mas o restante da banda... A bateria é bastante vigorosa, os músicos transmitem vida e força. Não, a banda não está morrendo com seu vocalista e o álbum aponta algumas vezes para aquilo que viria a ser o New Order (se você é um Zé Pangó a ponto de não saber, o New Order é a banda formada pelo restante do Joy Division, após o suicídio deste), como na faixa Isolation. Embora todas as letras sejam opressivas, apenas Colony e as duas músicas finais têm aquela atmosfera pesada e mesmo funerária que caracterizam os singles citados aqui logo no início. E não se pode negar, são o grand finale do álbum. Mais que isso, o Joy Division mostrou como a música com aqueles teclados estranhos da década de 80 pode ser realmente boa. A impressão que tenho ao escutar esse álbum é que todo o começo dos anos 80 foram uma tentativa muito mal-sucedida de imitar o Joy Division. O Joy Division foi a banda que mais fez falta no mundo e a música da primeira metade da década de 80 não seria tão ruim se Curtis não tivesse se matado.

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