sábado, 30 de maio de 2009

Melhores Álbuns - 1969




Existem dois tipos de banda: as de estúdio e as de palco. Os Rolling Stones é certamente uma banda de palco. Eles parecem não ter muita paciência para o estúdio, é quase como se eles fechassem um álbum com as primeiras músicas que fizessem. O resultado é sempre um álbum com muita música boa, muita música feita nas coxas e canções tão heterogêneas que ninguém conseguiria diferenciar um álbum de inéditas de uma compilação de grandes sucessos. Este também parece ser o caso desse álbum. Há de tudo aqui: blues triste (Love in vain e You Got the Silver), blues alegre (Country Honk) Música grandiosa e com coros (Gimme Shelter e You can’t always get what you want), rock-rolling-stones-do-tipo-empolgado (Live with me), rock-rolling-stones-do-tipo-empolgado-e-ao-mesmo-tempo-melancólico (Let it Bleed e Monkey Man), tem até uma música ruinzinha - talvez esteja sendo crítico demais, porque não é tão ruim assim também (Midnight Gambler).

O problema de discos assim, tão heterogêneos, é que eles cansam com o tempo. As músicas são tão díspares que não faz sentido ouvi-las todas juntas continuamente. E aí surge uma questão: não é o caso desse álbum. Podemos ouvi-lo vez sobre vez e ainda assim é um grande discos, as músicas parecem fazer sentidos ali, todas juntas, naquela ordem. Por essa mesma razão deve-se descartar a idéia de que esse álbum é um simples agregado de bons singles. Qual será a unidade, o laço que une todas as canções?

A resposta está na música que abre e na que fecha o álbum, não por acaso as duas músicas complexas, cheia de coros e instrumentos, não por acaso as duas mais famosas desse álbum. A primeira é Gimme Shelter e caracteriza-se pelo clima apocalíptico. A última é You can’t always get what you want e há nela algo angelical, religioso e ao mesmo tempo triunfante. Impossível não pensar no terror do dia do Juízo Final e no júbilo final de estar entre os eleitos. Mas aqui, ao invés da seriedade e do rigor do julgamento do deus cristão, seremos todos julgados pela famosa fórmula “sexo, drogas & rock and roll”. Se é verdade que o rock é também uma religião, este aqui é o livro dos Salmos. Ou talvez a revelação segundo São João. Isto depende do seu estado de espírito.

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