segunda-feira, 11 de maio de 2009
Melhores Álbuns - 1975
A história é conhecida: Bob Dylan toma um pé na bunda de sua esposa e tenta superar isso gravando esse álbum. O álbum, porém, não possui a auto-indulgência que costuma caracterizar tais tipos de álbum. Não é um álbum feliz, mas está longe de ser desesperado ou niilista. Parece antes representar o primeiro sorriso depois de um período de amargura (e se lembrarmos que os discos imediatamente anteriores a este não foram bem aceitos pela crítica, esse período de amargura é ainda mais significativo). Se é bom? Bem... é meu álbum favorito dos anos setenta. E sim, entre os que conheço, é meu álbum favorito do Dylan.
Li certa vez num blog uma classificação dos tipos de fãs de Dylan através do álbum preferido. Infelizmente não me lembro mais de nenhuma dessas classificações, com exceção de uma.Se o Blood on Tracks é seu Dylan favorito então você é um não-fã de Dylan, alguém que gosta de uma coisa ou outra, aqui e ali. Há uma certa razão nisso. Não sou um dylanmaníaco. Por exemplo, não consigo entender toda a empolgação com o Highway 61 revisited, quase sempre apontado como o melhor Dylan. Mas gosto muito do Blonde on Blonde. Sou mais para um fã condicional de Dylan. Li outra vez em algum site, que depois de escrever sua canção mais famosa “Like a Rolling Stone”(música do acima citado Highway 61 Revisited), Dylan se achou como compositor. Pela primeira vez na vida ficou completamente satisfeito com uma de suas canções. Segundo ele próprio, Dylan tinha mais interesse em literatura que na música e queria ser lembrado como um Shakespeare com violão e, através dessa música, ele havia conseguido isso (quer dizer, faz tempo que li isso, não tenho certeza; mas vamos fingir que isso é verdade senão o texto pára). Isso é o que me irrita no Dylan, sua tendência em transformar música em literatura. Blood on Tracks é um álbum para não-fãs de Dylan porque é um álbum que essa característica está, senão ausente, ao menos bem mais resumida que no normal. Além disso, Dylan despensa as grandes bandas que sempre o acompanhava em sua fase elétrica, tocando com um número bem menor de músicos. E é isso que me espanta. Dylan é tão genial, mas tão genial que quando ele se põe fora de seu elemento, mesmo quando resolve ser um não-Dylan, então alguém que não é tão fã assim de Dylan, como eu, tem de dar o braço a torcer e concordar: trata-se de um dos maiores álbuns da história do rock.
E além de tudo tem um dos melhores xingamentos da história do rock também, em Idiot Wind:
“Idiot wind, blowing every time you move your teeth,
You're an idiot, babe.
It's a wonder that you still know how to breathe.”
Mas minhas músicas preferidas mesmo são as solos, You’re gonna make me lonesome when you go e Shelter from the storm. Essa última é minha canção de amor favorita. Um pedacinho dela:
Suddenly i turned around and she was standin' there
With silver bracelets on her wrists and flowers in her hair.
She walked up to me so gracefully and took my crown of thorns.
"come in," she said,
"i'll give you shelter from the storm."
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