quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Hoje fui à PUC do Rio de Janeiro, passeei por sua biblioteca com livros comentando o Evangelho de São Lucas e vi um quadro com os horários das matérias do curso de teologia, com disciplinas sobre a Epístola aos Hebreus, seminários sobre os prenúncios do Novo Testamento no Antigo, estudos sobre o Concílio de Trento, sobre a questão da Santíssima Trindade e fiquei imaginando que teologia deve ser um curso legal. Sim, falta um parafuso na minha cabeça, nem sou cristão nem nada, porque iria querer aprender essas coisas? Não sei, mas é fato que há um tempo me interesso por isso. Gosto, porém, apenas do catolicismo roots, mais conservador possível, do tipo que acha que mulher de mini-saia é melhor que mulher de calça (eu também acho, mas creio ser por motivos diferentes), que diz que fora da Igreja não há salvação, que defende a Inquisição e as Cruzadas. Lembro agora de Mencken, ateu militante, analisando porque tanta gente inteligente acreditava em algo tão evidentemente falso. Ele concentra a sua atenção no catolicismo e conclui que é por conta da beleza desta religião. Confessava, por exemplo, sentir um certo prazer estético, mas nada místico, ao assistir uma missa. Mencken, porém, escreveu nos anos 20 e 30, período pré-Vaticano II. Já a minha geração cresceu vendo missa com palmas, ondas mexicanas, musiquinhas tocadas em pianos toscos, a melodia com um certo quê de axé music, com padres fazendo sermão sobre como devemos ter cuidados no trânsito ou como os Sem-Terras são o Novo-Povo-Escolhido-De-Deus. Não há cristão que agüente! É absolutamente impossível ser católico nos dias de hoje. Missa em latim com o padre virado de costas deve ser muito mais interessante e bonito, ou pelo menos mais misterioso e charmoso. Estimulo o catolicismo, como ficou claro aí no post sobre vegetarianismo, como está ficando claro neste post. Acho um erro bonito e como nessa vida só o erro é possível, errar bonito já é uma coisa e tanto. Por isso fiquei feliz com o Motu Proprio de Bento XVI. Provavelmente, por achar o catolicismo bonito queria estudá-lo também. Há muito mais beleza em São Tomás que em Spinoza e muito mais beleza em Spinoza que em Nietzsche. E, por Deus!, beleza não é coisa pouca, quantas vezes fui tentado a crer em São Tomás só porque era tão bonito. Mas o cristianismo é um erro, claro. Não faz sentido. Se Deus queria se revelar porque não o fez de maneira aberta, clara e inequívoca? Se não revelou de maneira aberta, clara e inequívoca, com que critérios ele espera que nós escolhamos a religião certa? Com que critérios espera ser justo ao punir uma criatura por não ter adivinhado a religião verdadeira? Alguém que pesquise sinceramente sobre o assunto e não chegue à conclusão alguma seria mais culpável que alguém que nunca pesquisou sobre tal, mas teve a sorte de nascer numa família com a religião certa e seguí-la irrefletidamente? Quando vejo um cristão se defendendo de argumentos dos agnósticos e dos ateus sempre imagino Deus como uma dançarina erótica no seu jogo exasperante de mostrar-e-esconder-mostrar-e-esconder. Seria a vida um strip-tease de Deus? Não faz sentido. Nietzsche e Spinoza fazem. Claro, você pode ser um católico light, que não crê que a descrença nos leva ao inferno. Mas aí já não estamos no catolicismo roots, tomista, que é o mais bonito de todos e então não tem mais graça.

Um comentário:

m. reis disse...

catolicismo é para os fracos, o negócio é o islã, rapaz!