quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A independência do Brasil tem sido interpretada de duas maneiras: 1) Um acontecimento heróico e grandioso, dia mais importante e decisivo do país, conquista da liberdade, etc; 2) Uma barganha vergonhosa que não passou de um jogo de encenação, que deveríamos ter lutado para nos tornarmos mais independentes, etc. Ninguém, contundo, parece ter atentado para a interpretação mais óbvia: a independência do Brasil foi uma simples e grande burrada. Seria muito melhor se tivéssemos continuado colônia de Portugal por muito tempo ainda, ter se libertado só lá pelo meio do século XX ou mais tarde ainda. Talvez ainda devêssemos ser colônia. A verdade é que Portugal é um país bem chinfrim, uma metrópole das mais medíocres e trezentos anos não bastaram para nos civilizar. Porém, nossos vizinhos latinos americanos se libertaram antes da hora e decidimos fazer o mesmo, só para não nos passarmos por frouxos ou incapazes. Não tínhamos, entretanto, instituições ou qualquer experiência de autogoverno. Quando da independência, não interessava à nova classe governante criar instituições e leis. Era melhor deixar tudo correr ao gosto de destino, ficar atento e saber entrar no ritmo se aproveitando ao máximo das ocasiões. Esta é a nossa tradição, nossa filosofia política. Contudo, mimetizando as formas antigas e estrangeiras de governo, criamos as tais instituições e leis, apenas pro-forma, claro. Ninguém se lembra delas no decorrer dos anos e, ainda assim, basta que haja algum interesse para as trocarmos, o que ocorre no mais tardar em intervalos de 20 em 20 anos. Ainda não entendemos o que é o governo, a democracia, a liberdade, a cidadania e estamos longe de formular qualquer tipo de pensamento ou projeto quer político ou nacional.

Gabriel, um colega meu dos tempos de escola, dizia que, se presidente do Brasil, suas duas primeiras ações seriam 1) dissolver o exército brasileiro 2) declarar guerra aos Estados Unidos. Seu objetivo era que os norte-americanos conquistassem o nosso território com o menor custo possível de vidas humanas. Acho que uns cem anos como colônia dos Estados Unidos devem bastar. Sim, devemos engolir o nosso orgulho e reconhecer que este é o plano político tupiniquim mais sensato, ou melhor, o nosso único plano político sensato.

Gabriel, você tem um eleitor.

Um comentário:

m. reis disse...

Eleitor ou conselheiro. Já tá na barganha de um bom cargo público né, safado?!