Terminei ontem “A marca humana” de Philip Roth. É bom, te prende, são 450 páginas que li numa semana que fazia várias coisas para a faculdade. Porém, enquanto lia, achava a história forçada demais. Os acontecimentos ali narrados se iniciam com o seguinte episódio: Coleman Silk, professor de línguas clássicas numa faculdade da Nova Inglaterra chamada Athenas, ao fazer chamada para uma de suas aulas, já lá para o meio do semestre, nota que dois dos nomes na lista nunca apareciam em sala de aula e faz então a pergunta fatal: “Alguém conhece essas pessoas? Elas existem mesmo ou será que são spooks?” Spooks, termo intraduzível, tem dois significados: espectro, aparição ou então uma gíria antiga para designar os negros. Assim, a frase talvez quisesse insinuar (se a deformamos um pouquinho, como sempre podemos deformar as palavras que foram ditas): eles são estudantes mesmo ou são esses negros que passam com cotas e depois não agüentam o ritmo da universidade? Ocorre que os dois alunos em questão são negros, ficam sabendo do caso e movem uma ação universitária por conta do ocorrido. Os outros professores preferem não interferir no caso, ou então apoiam explicitamente os alunos, seja porque pegaria mal ajudar alguém acusado de racismo, seja por razões meramente políticas, e tudo acaba se caminhando para uma pequena tragédia. Enfim, achava que esse começo era meio estranho e ninguém poderia de fato ter sérios problemas com essas coisas, ou que tal só ocorreria numa nação tão estranha quanto os Estados Unidos, que isso não tinha nada a ver comigo ou com o Brasil. E então quando já estava quase terminando o livro ocorre isto: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u348819.shtml . Aquela velha história, a vida imita arte. Sim, estou mais uma vez criticando o meu tempo. Estou cansado de vocês, meus contemporaneozinhos medíocres. Blergh!
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
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