quinta-feira, 6 de março de 2008

Não sei por que cargas d’água comecei a pesquisar quem seria hoje o Imperador do Brasil, caso a Proclamação da República nunca tivesse ocorrido, e descobri que há uma questão dinástica brasileira, com brigas e tudo mais. É bem provável que o país tivesse entrado numa guerra civil ali pelos anos 20 para se decidir quem seria o Imperador.
Pois vamos lá, por um lado temos o ramo de Petrópolis. Nele a coroa é passada sempre para o varão primogênito. Assim seria a sucessão dos imperadores por esse ramo:
D. Pedro II – 1841-1891
D. Isabel I 1891 – 1921
D. Pedro (Alcântara)III 1921-1940
D. Pedro (Gastão)IV 1940-2007
D. Pedro V 2007 – 20??
Sucessor: D. Pedro VI
Pelo qual teríamos trocado de imperador o ano passado! D. Pedro V teria hoje 52 anos. Porém, D. Pedro Alcântara renunciou a seus direitos sobre o trono em 1908 para casar-se com uma tal Isabel, que não era tão nobre quanto devia. Seus direitos passam então a D. Luís Maria, seu irmão mais novo que fez um casamento supimpa com uma princesa das Duas Sicílias (a exemplo de seu avô). Este ramo seria o de Vassouras. Ocorre, porém, que D. Luís morre em 1920, um ano antes que sua mãe. O herdeiro direto seria então D. Pedro Henrique (primogênito de D. Luís), que a época da morte de sua avó tinha apenas 12 anos. Com a morte de D. Isabel I e a pouca idade de D. Pedro Henrique, alguns monarquistas começaram a questionar a renúncia de D. Pedro Alcântara e conceder a este a legitimidade do trono. Porém, o próprio D. Pedro Alcântara confirma sua resolução. Mas é claro, se houvesse efetivamente um trono a ser disputado o cenário poderia ser outro...
O mais interessante, porém, é que se D. Pedro Alcântara parecia resignado, o mesmo não se pode dizer de seu filho, D. Pedro Gastão, que nunca se conformou com a renúncia de seu pai. A época da morte de D. Isabel I ele teria apenas 8 anos. É bem provável então que durante a década de 20 o país vivesse sob um período de regência enquanto os dois fedelhos articulassem disputas diplomáticas terríveis nos bastidores. Provavelmente a questão seria definida num duelo de bafão ou bolinha de gude. Mas fico aqui imaginando a cena: D. Pedro Gastão, do alto de seu pônei, com um estilingue no coldre, animando suas tropas enquanto chamava D. Pedro Henrique de bobo, feio e chato. D. Pedro Henrique, por sua vez, vestido de marinheiro, animaria a todos com um simples grito de guerra: “Gentalha! Gentalha! Gentalha!”
Alguns militares chegaram a propor um golpe de estado onde D. Pedro Henrique seria posto novamente no trono, mas ele recusou. D. Pedro Henrique casou-se com uma princesa da Baviera e morreu em 1981. D. Luís, o primogênito, tendo 70 anos hoje, seria o atual imperador do Brasil. Vejamos aí o ramo de Vassouras:
D. Pedro II – 1841-1891
D. Isabel I 1891-1921
D. Pedro (Henrique)III1921-1981
D. Luís I 1981-20??
Sucessão:
D. Bertrand I
D. Antônio I
D. Pedro IV
D. Luís I é solteiro e não tem herdeiros. Na linha de sucessão teríamos D. Bertrand, irmão de D. Luís e também sem filhos, e D. Antônio I, irmão de D. Luís, com filhos, sendo o mais velho D. Pedro Luís.
Há, porém, ainda um terceiro ramo: Saxe-Coburgo e Bragança que defende que, tendo D. Pedro Alcântara renunciado seus direitos ao trono, D. Pedro Augusto, o filho primogênito de D. Leopoldina, que por sua vez é irmã de D. Isabel I e falecida em 1871, é que teria direito ao trono (não me pergunte o porquê). Devemos lembrar, porém, que quando da morte de D. Isabel I, D. Pedro Augusto teria 55 anos, e portanto, de azarão passaria a favorito como resolução da crise. Eis quem seriam os imperadores do Brasil por essa linha:
D. Pedro II – 1841-1891
D. Isabel I 1891-1921
D. Pedro (Augusto)III 1921-1934
D. Teresa I 1934-1990
D. Carlos I 1990- 20??
Há aqui um grande porém. Em 1893, D. Pedro Augusto começa a enloquecer e chegou a ser tratado por Freud. Este diagnosticou que a causa de sua loucura foi sua infância conturbada. D. Isabel I, sua tia, só conseguiu engravidar 11 anos após seu casamento (estranha essa história, não?) e até então ele era o favorito na linha sucessória. Depois de perder o trono para um primo fedelho, veio a Proclamação da República e todas as ambições do rapaz caíram por terra. Porém, talvez, se a Proclamação da República nunca tivese ocorrido, ele estivesse são por essa época. D. Tereza, na verdade, é filha de D.Augusto, irmão de D. Pedro Augusto, já que o rapaz morreu virgem. As informações que encontrei sobre este ramo na Wikipédia são mais escassas e confusas. Vejo que o primogênito de D. Augusto, após a morte de D. Pedro III seria um tal de D. Felipe, nascido em 1901 e que estaria vivo até hoje! Com descendência. Mas por alguma razão (renúncia aos direitos?) ele não aparece como o chefe da casa.
Uma coisa legal de se observar é que quem quer que tivesse sido nosso imperador durante a Segunda Guerra Mundial, ele teria um longo reinado, o que me parece muito chique, dando a idéia de um passado glorioso da nação. Imagina se nosso imperador fosse o tal D. Felipe I, no alto de seus 107 anos, dizendo todo gagá na televisão, "aqueles nazistas filhos da puta, meu filho, eu ajudei a destroná-los". Algo muito másculo e fofo. Sempre achei a monarquia algo másculo e fofo, mas não me peçam para desenvolver este tema.

Minhas preferências:
Está claro que o ramo de Vassouras é o legítimo, mas que diabos de nome para um ramo imperial é esse: “Vassouras”? Por outro lado, Saxe-Coburgo Bragança é um nome danado de chique, mais que isso, caso fosse este o ramo teríamos na história do Brasil duas dinasitias diferentes, o que é bem legal. Mas o brasão dessa família é o ó e consegue ser mais feio que o de Orleães e Bragança. Já o ramo de Petrópolis só gerou Pedros e Pedros e Pedros, muito chato. Por outro lado Saxe-Coburgo é muito obscuro e sua linha sucessória depende de muitos ses. Pelo que nos sobrou a vassourinha.

3 comentários:

Rafael Cruz disse...

Caro João,

interessante sua proposição sobre o destino da Casa Imperial do Brasil. Mas cabe algumas considerações; realmente D. Pedro de Alcântara renunciou aos seus direitos e esses passaram ao seu irmão, provavelmente a Regência deveria ser passada para o conde d'Eu, no ano que ele viveu após a morte da esposa, e consequentemente, a regência poderia ser feita pela mãe de D. Pedro Henrique, já que havia a possibilidade da Imperatriz-Mãe exercer a regência, conforme o artigo 130 da Constituição. Creio que, como a renúncia aconteceria dentro de uma monarquia de fato, nao haveria o que D. Pedro Gastão questionar, aliás, seu pai já nem deveria circular pelos meios da monarquia, já que a perca de direitos faria com que ele perdesse todo e qualquer redimento que fosse destinado à Casa Imperial; eles teriam mais que cuidar da vida deles.

Observando seu texto quanto ao lado de Saxe-Coburgo-e-Bragança, o primogênito de Augusto Leopoldo, era, Augusto, Felipe era o quinto filho deles, e segundo o Almanach de Gotha, faleceu em Viena, em 1985. De todos os filhos de Augusto Leopoldo, somente Teresa conservou a nacionalidade brasileira, cujo filho mais velho, Carlos Tasso é o atual Chefe do Ramo.

Ah, sim... o nome "Vassouras" vem do fato de D. Pedro Henrique ter adquirido uma propriedade lá, e ter ido morar com a família nessa cidade. Quando, na década de 1970, houve a trasladação dos despojos de D. Isabel para o Brasil, a mídia brasileira usou a expressão para separar os dois ramos descendentes da princesa Isabel.

João Teixeira disse...

Obrigado, Rafael. Não havia visto o seu comentário antes, pois você comentou algum tempo depois de já ter postado. Creio que, pela mesma razão, você não verá minha resposta. Mas obrigado mesmo assim pelas informações adicionais. Abraços.

causamonarquia disse...

Amigos.Tal renúncia, nunca teve valor, se levarmos em conta a Constituição de 1824. Me digam em que artigo está falando que o Príncipe Imperial teria de renúncia para se casar? Em questão, fala-se somente do casamento da Princesa Imperial, mas não do Príncipe.

D. Pedro Gastão, sempre apresentou-se como Chefe da Família Imperial, tanto que foi sua imagem a vinculada na propaganda monárquica de 1993. Além do que, foi recebido por todos os presidentes do Brasil até FHC.

Caso leva-se em consideração tal renúncia, aceitaremos também como renúncia o casamento de D. Antonio com a Princesa de Ligne, uma vez que os Ligne não são dinastas.

Em tempo, se a briga continuar, os Saxe-Coburg e Bragança também terão direito ao seu filão na história.