Peggy Noonan no The Wall Street Journal. Link: http://online.wsj.com/article/SB121935481067161515.html?mod=todays_columnists
Tradução das duas primeiras partes (de um total de três) do texto:
“Agora Eles Estão Prestando Atenção
Por que há uma disputa real agora, com John McCain subindo nas pesquisas e Barack Obama caindo? Há muitas respostas, mas creio que uma é a essencial: o povo americano começou a prestar atenção.
É difícil para nossa classe política lembrar que o Sr. Obama se tornou famoso na América apenas a partir do inverno de 08. A América o conheceu há apenas seis meses! A classe política entrevistou-o, ou leu a entrevista, já em 2003 ou 04, quando ele era uma estrela nascente. Eles o conhecem. Todo o restante ainda o observa.
E isto é o que eles vêem:
Um homem atraente, inteligente, interessante, mas – é difícil categorizá-lo. Ele é o General Obama? Não, nenhum passado militar. O Brilhante Empresário Obama? Não, nunca trabalhou no mercado. Obama é um Nome Famoso? Não, é um nome novo, incomum. Um Governador do Sul De Há Muito Tempo Obama? Não. Ele foi um líder comunitário (o que é isso?), depois advogado (uuu), um legislador estadual (igual um primo meu), e então um senador dos E.U.A. (por menos de quatro anos!).
Não há nenhuma categoria pré-existente para ele!
Adicione a isto as roupas e a fúria de Jeremiah Wright, boatos de segredos mulçumanos, o queridinho da mídia e, esta semana, o aborto.
Isto foi como o soar de sinos que o levou a uma reconstrução. Sua singularidade, que uma vez foi o seu grande poder, é agora um grande problema.
A ainda por cima há o Sr. McCain e – bem, nós o conhecemos. Ele é o John McCain Prisioneiro De Guerra, Senador, Cuidadosamente Irritante.
* * *
O debate Rick Warren importa. Por quê? Ele ocorreu no exato momento em que a América estava começando a prestar atenção. E isto foi o que pareceu lá pelo fim da noite: Sr. McCain, normal. Sr. Obama, não normal. Você já viu essa discussão antes. Sr. McCain foi direto e claro. Sr. Obama cuidadoso e assustado demais. Na questão sobre o aborto em particular, Sr. McCain pareceu o bom e velho conservador, que é algo que todos entendemos, quer gostemos ou não, e o sr. Obama pareceu ou radical ou velhaco. Ele é “a favor… de limites” nos abortos em gestação já avançada, embora alguns considerem esses limites “inadequados”. (Na semana passada muita análise legal sobre emanações de penumbras enquanto a viabilidade de Roe v. Wade[1] prossegue).
Enquanto assistia, pensava: Que tal “Deixem o bebê viver”? Não analisem. Apenas “Deixem o bebê viver”.
Quanto a questão sobre quando a vida humana começa, a resposta está, sim, dentro da capacidade do Sr. Obama[2], oh, continuemos só mais um pouquinho. Você sabe por que eles chamam isto de “controle de natalidade”? Porque isto significa deter um nascimento que ocorrerá nove meses depois. Nós sabemos quando a vida começa. Todo mundo que já comprou um pacote de camisinhas sabe quando a vida começa.
Ponhamos isto de outro modo, com a concepção algo começa. O que você acha que é? Um carro? Um Buick 1948?
Se você deseja argumentar que o aborto legal é moralmente defensável, compre isto e prossiga, mas as respostas do Sr. Obama aqui pareceram-me estranhas e perturbadoras.
O discurso do Sr. Obama na próxima convenção será bom. Todos os discursos de Obama são bons. Não tão interessante quanto ele próprio – ele é mais comovente ao vivo que se suas palavras estivesses apenas escritas. Mas o seu discurso será bom, e caso não seja, as pessoas ainda ficarão com a impressão que deve ter sido, porque a mídia dirá que foi, porque eles esperam que sejam, e o que eles esperam é o que a maioria deles verá.
O Sr. Obama irá tão fundo quanto diz[3]? Durantes as campanhas das primárias, os republicanos diziam “Eu farei assim”. O Sr. Obama tem uma tendência maior a dizer “Eu me sinto assim”. Os republicanos diziam para suas bases: “Se conseguirmos passar este projeto de lei, a que os democratas se opõem irresponsavelmente, resolveremos o problema.” Os democratas estão mais inclinados a “Se construirmos uma nova atitude de esperança e respeito pelo mundo, nós tornaremos os mares mais amplos e os peixes mais numerosos”. O Sr. Obama será mais específico em seus programas? E seus planos específicos serão baseados em alguma filosofia política?
Eu suspeito que estejam todos enganados quanto aos discursos das convenções. Todos esperam que o Sr. Obama finalmente desperte, mas seria o discurso de McCain que eu assistiria.
Ele é que está com a oportunidade real, porque ninguém espera nada dele. Ele nunca foi especialmente bom com discursos. (O número de homens que, estando no topo do partido republicano, não gostava de discursar, incluindo aqui os Bushes e o Sr. McCain, é impressionante, é mesmo algo que entra em conflito com os requerimentos pressupostos da Era da Mídia. O primeiro Bush via discursos como Showbizz, parte da parafernália do presidente, e as tentativas do segundo passam a sensação de que as palavras não são amigas dele.)
Mas o Sr. McCain providenciou, em 2004, um dos momentos mais excitantes e, com certeza, um dos mais desafiadores da Convenção republicana, quando ele olhou para Michael Moore na apresentação para a imprensa e disse “Nossa escolha não foi entre um benigno status quo e o derramamento de sangue, foi entre uma guerra e uma ameaça ainda maior. Não deixem que ninguém diga o contrário... principalmente um nada ingênuo cineasta que nos faria acreditar que o Iraque de Saddam foi um oásis de paz”. Isto desconcertou a todos. E o sorriso que ele deu ao Sr. Moore foi um de pura e prazerosa malícia. Quando o Sr. McCain entra no jogo, ele entra no jogo.[4]”
Tradução das duas primeiras partes (de um total de três) do texto:
“Agora Eles Estão Prestando Atenção
Por que há uma disputa real agora, com John McCain subindo nas pesquisas e Barack Obama caindo? Há muitas respostas, mas creio que uma é a essencial: o povo americano começou a prestar atenção.
É difícil para nossa classe política lembrar que o Sr. Obama se tornou famoso na América apenas a partir do inverno de 08. A América o conheceu há apenas seis meses! A classe política entrevistou-o, ou leu a entrevista, já em 2003 ou 04, quando ele era uma estrela nascente. Eles o conhecem. Todo o restante ainda o observa.
E isto é o que eles vêem:
Um homem atraente, inteligente, interessante, mas – é difícil categorizá-lo. Ele é o General Obama? Não, nenhum passado militar. O Brilhante Empresário Obama? Não, nunca trabalhou no mercado. Obama é um Nome Famoso? Não, é um nome novo, incomum. Um Governador do Sul De Há Muito Tempo Obama? Não. Ele foi um líder comunitário (o que é isso?), depois advogado (uuu), um legislador estadual (igual um primo meu), e então um senador dos E.U.A. (por menos de quatro anos!).
Não há nenhuma categoria pré-existente para ele!
Adicione a isto as roupas e a fúria de Jeremiah Wright, boatos de segredos mulçumanos, o queridinho da mídia e, esta semana, o aborto.
Isto foi como o soar de sinos que o levou a uma reconstrução. Sua singularidade, que uma vez foi o seu grande poder, é agora um grande problema.
A ainda por cima há o Sr. McCain e – bem, nós o conhecemos. Ele é o John McCain Prisioneiro De Guerra, Senador, Cuidadosamente Irritante.
* * *
O debate Rick Warren importa. Por quê? Ele ocorreu no exato momento em que a América estava começando a prestar atenção. E isto foi o que pareceu lá pelo fim da noite: Sr. McCain, normal. Sr. Obama, não normal. Você já viu essa discussão antes. Sr. McCain foi direto e claro. Sr. Obama cuidadoso e assustado demais. Na questão sobre o aborto em particular, Sr. McCain pareceu o bom e velho conservador, que é algo que todos entendemos, quer gostemos ou não, e o sr. Obama pareceu ou radical ou velhaco. Ele é “a favor… de limites” nos abortos em gestação já avançada, embora alguns considerem esses limites “inadequados”. (Na semana passada muita análise legal sobre emanações de penumbras enquanto a viabilidade de Roe v. Wade[1] prossegue).
Enquanto assistia, pensava: Que tal “Deixem o bebê viver”? Não analisem. Apenas “Deixem o bebê viver”.
Quanto a questão sobre quando a vida humana começa, a resposta está, sim, dentro da capacidade do Sr. Obama[2], oh, continuemos só mais um pouquinho. Você sabe por que eles chamam isto de “controle de natalidade”? Porque isto significa deter um nascimento que ocorrerá nove meses depois. Nós sabemos quando a vida começa. Todo mundo que já comprou um pacote de camisinhas sabe quando a vida começa.
Ponhamos isto de outro modo, com a concepção algo começa. O que você acha que é? Um carro? Um Buick 1948?
Se você deseja argumentar que o aborto legal é moralmente defensável, compre isto e prossiga, mas as respostas do Sr. Obama aqui pareceram-me estranhas e perturbadoras.
O discurso do Sr. Obama na próxima convenção será bom. Todos os discursos de Obama são bons. Não tão interessante quanto ele próprio – ele é mais comovente ao vivo que se suas palavras estivesses apenas escritas. Mas o seu discurso será bom, e caso não seja, as pessoas ainda ficarão com a impressão que deve ter sido, porque a mídia dirá que foi, porque eles esperam que sejam, e o que eles esperam é o que a maioria deles verá.
O Sr. Obama irá tão fundo quanto diz[3]? Durantes as campanhas das primárias, os republicanos diziam “Eu farei assim”. O Sr. Obama tem uma tendência maior a dizer “Eu me sinto assim”. Os republicanos diziam para suas bases: “Se conseguirmos passar este projeto de lei, a que os democratas se opõem irresponsavelmente, resolveremos o problema.” Os democratas estão mais inclinados a “Se construirmos uma nova atitude de esperança e respeito pelo mundo, nós tornaremos os mares mais amplos e os peixes mais numerosos”. O Sr. Obama será mais específico em seus programas? E seus planos específicos serão baseados em alguma filosofia política?
Eu suspeito que estejam todos enganados quanto aos discursos das convenções. Todos esperam que o Sr. Obama finalmente desperte, mas seria o discurso de McCain que eu assistiria.
Ele é que está com a oportunidade real, porque ninguém espera nada dele. Ele nunca foi especialmente bom com discursos. (O número de homens que, estando no topo do partido republicano, não gostava de discursar, incluindo aqui os Bushes e o Sr. McCain, é impressionante, é mesmo algo que entra em conflito com os requerimentos pressupostos da Era da Mídia. O primeiro Bush via discursos como Showbizz, parte da parafernália do presidente, e as tentativas do segundo passam a sensação de que as palavras não são amigas dele.)
Mas o Sr. McCain providenciou, em 2004, um dos momentos mais excitantes e, com certeza, um dos mais desafiadores da Convenção republicana, quando ele olhou para Michael Moore na apresentação para a imprensa e disse “Nossa escolha não foi entre um benigno status quo e o derramamento de sangue, foi entre uma guerra e uma ameaça ainda maior. Não deixem que ninguém diga o contrário... principalmente um nada ingênuo cineasta que nos faria acreditar que o Iraque de Saddam foi um oásis de paz”. Isto desconcertou a todos. E o sorriso que ele deu ao Sr. Moore foi um de pura e prazerosa malícia. Quando o Sr. McCain entra no jogo, ele entra no jogo.[4]”
[1] Caso ocorrido em 1973 e que permitiu a legalização do aborto nos EUA.
[2] No debate perguntam a Obama quando ele acha que a vida começa e ele responde algo como “isto está acima da minha capacidade”. Tal resposta teve um forte impacto negativo na imagem do candidato. Todos nós sabemos o que significa “esta questão está acima de minha capacidade”. Significa algo como “não cabe discutir aqui esta questão, ela é complicada demais para o vulgo. Ela está acima da capacidade do vulgo”. No Brasil aceitamos isso, e é bom provável que tal fosse a resposta de um candidato pró-aborto. Tal candidato diria isto e nós o entenderíamos o real significado e engoliríamos. Nos EUA não. Lá é uma democracia e nenhuma questão está acima da capacidade do vulgo.
[3] Will Mr. Obama dig deep as to meaning? As to political predicates?
[4] A autora continua no parágrafo seguinte: “Look for a certain populist stance. He signaled it this week in Politico. He called lobbyists "birds of prey" in pursuit of "their share of the spoils." Great stuff. (Boy, will he have trouble staffing his White House.)” Mas não sei o que isto está fazendo aí nem a quem se refere o tal “he”.
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