terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sobre o critério de notas para os filmes

Claro, é muito rígido. De outra maneira não poderia dar minhas notas com tamanha precisão. E é este: me diverti?

Alguns, quase sempre esquerdinhas, me interpelam: “seu alienado! Quer ir ao cinema apenas para esquecer os problemas seus e do mundo!”

Ué, é claro. Imagina o sujeito na sala de cinema “Meu deus! Eu aqui no cinema e as prestações do meu carro vencendo!”, “Será que minha mulher está me corneando mesmo?” ou “esse governo não baixa os juros, assim não dá!” Claro, se tal ocorrer, o filme é uma porcaria e não conseguiu envolver o cidadão.

O esquerdinha continua: “Mas e se o filme não te faz pensar nem nada!”

Ué de novo, desde quando diversão e pensamento estão assim separados? O problema dos blockbusters não é que eles só divertem e não te fazem pensar. O problema dos blockbusters é que eles não divertem absolutamente, qualquer sujeito com dois neurônios não consegue suportar aquela cachoeira de clichês por muito tempo.

Na época do cinema mudo os cineastas conseguiam entreter seu público utilizando apenas imagens. Cinema é isso. O som é supérfluo, é acréscimo. Discordo do Matheus. Trilha sonora em filme é perfumaria. O Control aí do lado tem uma das melhores trilhas sonoras de filme que já ouvi e, no entanto, não passaria de ano. Uma boa história não é supérflua. Nem boas imagens, fotografias, direção de arte. Idéias são supérfluas.

Posso compreender alguém que diz: estou lendo um livro de não-ficção muito bom, mas é muito pesado, vou dar uma pausa nele e semana que vem continuo. Ninguém lê a Crítica da razão Pura como quem lê Tom Jones. E no entanto, pode-se gostar verdadeiramente da Crítica da Razão Pura. Mas isso não acontece em filmes. Ninguém parará um filme no meio e dirá, o filme é bom, mas é meio pesado, depois continuo. Porque não existe filme cansativo bom. Filme bom diverte, sempre.

Esnobes poderão fazer careta, como a dizer, que bobo!, que alienado!, qualquer coisa o agradará!. Mas não é bem assim. Não é fácil entreter com imagens, deixar o sujeito sentado na poltrona por duas horas, não pensando em nada que não nelas. Não é nada fácil. Só grandes artistas têm esse poder.

3 comentários:

.Marcelly disse...

Eu poderia falar várias coisas, sinceramente. Mas, detenho-me em duas. A primeira delas é sobre a CRPu, ninguém, em seu juízo perfeito, gosta daquela leitura, porque alguém com juízo perfeito se irrita lendo tantos problemas e contradições. A segunda é sobre imagens, é fácil sim entreter alguém apenas com imagens.Metrô é um tédio porque não tem imagens...

m. reis disse...

ahahahahahahahahaha, teu argumento é falho!

com o filme 'lavourarcaica' que é fantástico, eu tive que parar um pouco pra respirar, porque era muito pesado.

rá!

João Teixeira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.