Este último texto me cansou. Não o revisei direito, provavelmente está uma porcaria ainda maior que o usual. Não traduzirei mais nada com uma periodicidade.
Estava pensando comentar um por um os filmes aí do lado, mas fiquei com preguiça também. Comento então só o Labirinto do Fauno. Ganha seis pelo conto de fadas, ganha zero pelo lado político. Média: três. Menos meio ponto porque a parte política é maior que a parte dos contos de fadas. Menos um ponto pela combinação estaparfúdilíssima de contos de fada e filme político.
Meu Deus, não se fazem filmes políticos com clichês! Isso irrita profundamente. Outro que vi pela metade, que também tem pretensões políticas e é recheado de clichês é Sombras de Goya. O que me irrita são os vilões malvadões. O labirinto do fauno fez os republicanos parecerem, como já li em algum lugar que não me lembro mais, um grupo de escoteiros perdidos na floresta. É claro, alguém dirá, é um filme de conto de fadas, o bom versus o mau. Bem, então que seja conto de fadas, não política, isso aí foi só doutrinação ideológica de baixa qualidade. Também, isso que dá! Onde já se viu conto de fadas republicano? Contos de fadas são monarquistas, sempre.
Quando via essas coisas lembrei de uma passagem de “Amor e Exílio”, biografia da infância e juventude de Isaac Singer. O escritor polonês e judeu fugia para Nova Iorque, se não me engano em 1935. Com Hitler já no poder da Alemanha, a rota de Singer incluía uma arriscada travessia pelas terras do ditador nazista. Ele, é claro, tremia de medo. Lá fora o sol apareceu fora de época e as crianças aproveitavam para brincar, correr atrás do trem, casais de namorados passeavam de mãos dadas e donas-de-casa gordas conversavam na rua, vigiando de longe as crianças. Parecia inacreditável a Singer que aquela fosse a Alemanha nazista. Já em Arquipélago Gulag, Soljenitsin viaja, num certo momento, de um gulag a outro num trem de passageiros comuns, acompanhado de um vigia, sem mais nenhum companheiro de prisão. O guarda o vigiava de longe e ele aproveitava a pequena e falsa sensação de liberdade que isso dava. De repente um passageiro muito simpático começa a puxar papo com ele. Soljenitsin aproveita, relaxa, sente-se bem depois de muito tempo. Lá pelas tantas, o assunto escasseando, o passageiro começa a reclamar de seu trabalho: ele era um guarda de um campo de concentração e vituperava contra os prisioneiros que sempre estavam pedindo por água e para irem ao banheiro – dramas esses vividos e relatados minuciosamente pelo próprio autor páginas antes.
Se não era isso, era algo perto disso. Mas se querem escrever uma arte engajada, política, aprendam com passagens como essas. O mal não se é assim tão facilmente reconhecível na política como é nos contos de fadas. Dizer isso é meio idiota, eu sei. Mas não estou tão certo que Benício Del Toro e muitos outros o saibam.
Eita, olha o tamanho do texto! e isso porque estava com preguiças. Sem mais.
Estava pensando comentar um por um os filmes aí do lado, mas fiquei com preguiça também. Comento então só o Labirinto do Fauno. Ganha seis pelo conto de fadas, ganha zero pelo lado político. Média: três. Menos meio ponto porque a parte política é maior que a parte dos contos de fadas. Menos um ponto pela combinação estaparfúdilíssima de contos de fada e filme político.
Meu Deus, não se fazem filmes políticos com clichês! Isso irrita profundamente. Outro que vi pela metade, que também tem pretensões políticas e é recheado de clichês é Sombras de Goya. O que me irrita são os vilões malvadões. O labirinto do fauno fez os republicanos parecerem, como já li em algum lugar que não me lembro mais, um grupo de escoteiros perdidos na floresta. É claro, alguém dirá, é um filme de conto de fadas, o bom versus o mau. Bem, então que seja conto de fadas, não política, isso aí foi só doutrinação ideológica de baixa qualidade. Também, isso que dá! Onde já se viu conto de fadas republicano? Contos de fadas são monarquistas, sempre.
Quando via essas coisas lembrei de uma passagem de “Amor e Exílio”, biografia da infância e juventude de Isaac Singer. O escritor polonês e judeu fugia para Nova Iorque, se não me engano em 1935. Com Hitler já no poder da Alemanha, a rota de Singer incluía uma arriscada travessia pelas terras do ditador nazista. Ele, é claro, tremia de medo. Lá fora o sol apareceu fora de época e as crianças aproveitavam para brincar, correr atrás do trem, casais de namorados passeavam de mãos dadas e donas-de-casa gordas conversavam na rua, vigiando de longe as crianças. Parecia inacreditável a Singer que aquela fosse a Alemanha nazista. Já em Arquipélago Gulag, Soljenitsin viaja, num certo momento, de um gulag a outro num trem de passageiros comuns, acompanhado de um vigia, sem mais nenhum companheiro de prisão. O guarda o vigiava de longe e ele aproveitava a pequena e falsa sensação de liberdade que isso dava. De repente um passageiro muito simpático começa a puxar papo com ele. Soljenitsin aproveita, relaxa, sente-se bem depois de muito tempo. Lá pelas tantas, o assunto escasseando, o passageiro começa a reclamar de seu trabalho: ele era um guarda de um campo de concentração e vituperava contra os prisioneiros que sempre estavam pedindo por água e para irem ao banheiro – dramas esses vividos e relatados minuciosamente pelo próprio autor páginas antes.
Se não era isso, era algo perto disso. Mas se querem escrever uma arte engajada, política, aprendam com passagens como essas. O mal não se é assim tão facilmente reconhecível na política como é nos contos de fadas. Dizer isso é meio idiota, eu sei. Mas não estou tão certo que Benício Del Toro e muitos outros o saibam.
Eita, olha o tamanho do texto! e isso porque estava com preguiças. Sem mais.
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