quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eu tinha fome, a décima sexta hora já passara e estava quase sem dinheiro. Havia comido apenas porcaria aquela semana e estava cansado da idéia de massa. Entrei num supermercado e comprei uma goiaba e uma pêra dura. Um real e oitenta e quatro centavos. Coloquei ambas em minha mochila e saí do supermercado. Foi só então que me deparei com a seguinte questão: onde as comeria? Não havia praças por perto e, mesmo se houvesse, chovera há algumas horas e estava tudo molhado. Andei a esmo um pouco, cerca de dez minutos e desisti de encontrar um lugar. Tirei a goiaba da mochila e a mordi, sem lavar, claro. Comia andando, me desviando dos pedestres apressados do centro da cidade. Estava boa. Goiabas são subvalorizadas, eu gosto delas. São como morangos sem-educação em formato de tomate e consistência de pêra. Por falar em pêra, a minha estava ótima, bem docinha. Tinha tanta fome que quase comi o centro dela também. Acabou, pensei, e joguei o resto no lixo. De repente vejo um jovem cego de bengala, levando pelo braço uma outra jovem cega que também levava pelo braço outra jovem cega. Encarei-os para ver se queriam ajuda. Ignoraram-me. Prossegui.

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