John Steinbeck, em seu A leste do Éden, nos apresenta uma grande idéia: quando pequenos, todas as histórias que nos são contadas tentado nos educar, edificar, nos ensinar a distinguir o certo do errado. Os adultos estão o tempo todo a nos tentar educar e mostrarem a si mesmos como exemplos. Isso acaba por causar um efeito colateral danoso: crescemos acreditando que somos a fonte do mal no mundo, pois apenas nós fazemos o mal, enquanto o bem transborda dos outros.
Quando entramos na escola. porém, isso muda. De repente nos damos conta “Sim, eu sou o gordinho da turma. Mas quem são meus amigos? O Tapado, o Esqueleto, o Feijão, o Cabeçudo, o ET, o Pinóquio e o Dumbo”. Descobrimos de repente que não somos a fonte do mal e temos prazer em descobrir o mal no outro. Pode ser cruel, e o é, mas é humano. E é libertador também, finalmente podemos ser nós mesmos, ter amigos por quem somos, aceitamos os outros com seus defeitos e não precisamos mais ser as abstrações das idéias de bem e perfeição.
Por essa razão, se toda essa paranóia do politicamente correto quanto ao preconceito entre os adultos é, no mínimo, polêmica, entre as crianças isso é extremamente prejudicial. Numa escola em que a maioria dos alunos são brancos, um aluno negro fatalmente receberá os apelidos de Fumaça, Carvão, Grafite ou o já referido Feijão. A ânsia de descobrir o mal em todos mais a inocência das crianças fazem com que elas não percebam a diferença entre o mal e o simplesmente incomum. Por exemplo, numa escola em Belo Horizonte é capaz de alguém ser zoado apenas por ser de Santa Catarina. E se numa aula de geografia ou português descobrirem que quem nasce em Santa Catarina é um barriga-verde, então o menino terá que ouvir piadinhas do tipo “ah! Vai comer alface pra ficar com a barriga mais verde”.
Quando se diz aos meninos que não se deve zoar com seu coleguinha por ter uma cor de pele mais escura, eles provavelmente perguntarão “por quê?”. É que a zombaria é um elemento de socialização, de participação, não há uma maldade verdadeira. E os adultos dirão que a cor de pele não importa, o que importa é o que há no interior das pessoas. E as crianças ficarão sem entender a relação. O que tem a ver a zombaria com o que importa e o que não importa? Por um acaso então quando zoamos o Pinóquio por ser narigudo, o nariz dele importa em alguma coisa? Esses adultos, viu?, não entendem nada mesmo. E é cansativo para as crianças terem de ficar lhes explicando tudo o tempo todo (sim, já li O Pequeno Príncipe e gostei). Criança só não zoa um tipo de defeito: o sério. Se tiverem algum amiguinho com um defeito físico grave, então provavelmente o pouparão. E quando proibimos as crianças de zoarem da pele escura do Feijão, ainda que convencidas de que “a pele não importa, o que importa é o interior”, elas carregarão consigo uma impressão de que a cor da pele é um assunto grave, um tabu, algo sagrado ou terrível demais. Enfim, estaremos dando uma importância desmesurada a algo trivial. Criaremos adultos politicamente corretos e inconscientemente preconceituosos.
Quando entramos na escola. porém, isso muda. De repente nos damos conta “Sim, eu sou o gordinho da turma. Mas quem são meus amigos? O Tapado, o Esqueleto, o Feijão, o Cabeçudo, o ET, o Pinóquio e o Dumbo”. Descobrimos de repente que não somos a fonte do mal e temos prazer em descobrir o mal no outro. Pode ser cruel, e o é, mas é humano. E é libertador também, finalmente podemos ser nós mesmos, ter amigos por quem somos, aceitamos os outros com seus defeitos e não precisamos mais ser as abstrações das idéias de bem e perfeição.
Por essa razão, se toda essa paranóia do politicamente correto quanto ao preconceito entre os adultos é, no mínimo, polêmica, entre as crianças isso é extremamente prejudicial. Numa escola em que a maioria dos alunos são brancos, um aluno negro fatalmente receberá os apelidos de Fumaça, Carvão, Grafite ou o já referido Feijão. A ânsia de descobrir o mal em todos mais a inocência das crianças fazem com que elas não percebam a diferença entre o mal e o simplesmente incomum. Por exemplo, numa escola em Belo Horizonte é capaz de alguém ser zoado apenas por ser de Santa Catarina. E se numa aula de geografia ou português descobrirem que quem nasce em Santa Catarina é um barriga-verde, então o menino terá que ouvir piadinhas do tipo “ah! Vai comer alface pra ficar com a barriga mais verde”.
Quando se diz aos meninos que não se deve zoar com seu coleguinha por ter uma cor de pele mais escura, eles provavelmente perguntarão “por quê?”. É que a zombaria é um elemento de socialização, de participação, não há uma maldade verdadeira. E os adultos dirão que a cor de pele não importa, o que importa é o que há no interior das pessoas. E as crianças ficarão sem entender a relação. O que tem a ver a zombaria com o que importa e o que não importa? Por um acaso então quando zoamos o Pinóquio por ser narigudo, o nariz dele importa em alguma coisa? Esses adultos, viu?, não entendem nada mesmo. E é cansativo para as crianças terem de ficar lhes explicando tudo o tempo todo (sim, já li O Pequeno Príncipe e gostei). Criança só não zoa um tipo de defeito: o sério. Se tiverem algum amiguinho com um defeito físico grave, então provavelmente o pouparão. E quando proibimos as crianças de zoarem da pele escura do Feijão, ainda que convencidas de que “a pele não importa, o que importa é o interior”, elas carregarão consigo uma impressão de que a cor da pele é um assunto grave, um tabu, algo sagrado ou terrível demais. Enfim, estaremos dando uma importância desmesurada a algo trivial. Criaremos adultos politicamente corretos e inconscientemente preconceituosos.
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