quinta-feira, 4 de junho de 2009

Há uma certa idiotia geral contaminando cada pedaço do espaço público no Brasil. É tanta idiotia que, sinceramente, não consigo acompanhar. Não tenho nem a velocidade nem a força necessária.

Isso é bem exemplificado pelas últimas falas do infeliz Minc. Tudo começou quando esse boçal subiu num caminhão para discursar e chamou os agricultores brasileiros de “vigaristas”. Isso gerou uma onda de protestos da chamada bancada ruralista no congresso. A isso ele respondeu:

“O fato de os ruralistas estarem preocupados com a minha permanência do ministério me faz achar que estou no caminho certo”

E logo depois zurrou isso:

“Que me conste, o Brasil é comandado pelo presidente Lula, e não pelos ruralistas. Alias, se tivesse sendo comandado pelos ruralistas, não ia ter Bolsa Família, ia ter Bolsa Latifundiário”

Minc é simplesmente um sem-noção, um cego, alguém que entendeu tudo errado a vida inteira e agora está velho demais para mudar ou mesmo reconhecer o erro. Ao comprar briga com um setor de vital importância para a economia do Brasil, e comprar briga não contra um comportamento desse setor, mas contra a natureza mesmo desse setor composto por “vigaristas”, por bússolas que apontam para o sul, egoístas interesseiros e, vileza das vilezas!, não apoiadores do programa bolsa-família e do governo Lula, Minc apenas demonstra como a cegueira ideológica pode fazer alguém ultrapassar os limites da estupidez humana, tornando-se assim uma espécie de super-idiota, alguém cuja burrice só pode ser explicada por super-poderes ao contrário.

Vejam, o debate entre agricultores e ecologistas sobre a limitação do que pode ser desmatado na Amazônia e sobre que condições isso deve ser feito é um debate seriíssimo, dificílimo e importantíssimo tanto para a agricultura, economia e ecologia do país. Merecia, portanto, um defensor do lado do meio ambiente mais preparado.

Quando se desqualifica o adversário, como fez Minc, dizendo que a contrariedade de tal setor é sinal de acerto, você está negando o debate. Você está dizendo, com todas as letras e acentos, “Eu estou certo, vocês estão errado. Calem-se e cumpram minhas ordens.” O viés autoritário é expresso pelo “o Brasil é comandado por Lula”. Não é não. O Brasil é presidido por Lula, o que é bem diferente. Quem governa o Brasil são as leis. Isso aqui ainda é uma democracia, senhor-tão-amigo-da-natureza-que-virei-uma-anta.

Isso é péssimo, pois o assunto merecia uma discussão melhor. E é péssimo para a própria causa de Minc, pois o senado aprovou a regularização das terras, ao contrário que queria o Minc. É o que acontece quando se é um idiota completo, um estúpido de primeira grandeza: perde-se, perde-se e perde-se. Se não se entende como funciona o jogo, se não se sai de sua ideologiazinha em que se auto-diviniza e se demoniza os adversários, em direção a complexidade da realidade, ao fato dos dois lados possuírem suas razões, que o assunto deve ser devidamente discutido e analisado, é óbvio que o sonhador seguirá seu caminho distraído até bater com o nariz num poste ou despencar num abismo.

E o elogio a quem merece, ainda que elogiar político é pedir pra queimar a língua. Num governo de idiotas, para idiotas e pelos idiotas, o simples bom senso brilha como o Sol. Se hoje a decisão de quem botar na presidência do país coubesse apenas a mim, seríamos governados pela senadora Kátia Abreu dos Democratas. Não acompanho assim o noticiário, mas ela sempre parece estar no lugar certo, com o discurso certo. Não foi diferente agora. Num discurso que vi pela tv ela nos disse que se Minc saísse do governo não se sentiria falta dele, mas que se o setor agropecuário abandonasse o país estaríamos todos lascados.

Eis o simples bom-senso que no meio de tanta idiotice fica até parecendo algo genial. Eis uma pessoa que entendeu o papel do político numa democracia-liberal. Sua função é a de representante, não a de comandante, como imagina o pobre do Minc. Não é que Minc ou Kátia Abreu sejam menos importantes que o setor agropecuário ou qualquer outro agrupamento social. É simplesmente que a importância que Minc e Kátia Abreu possuem derivam única e exclusivamente do setor agropecuário ou de um outro grupo social. Sem a importância do representado por trás, eles não são mais que simples cidadãos, ou, se com algum poder, tiranos. Portanto, um ataque contra a natureza de um grupo social da importância dos agropecuários é simplesmente uma má compreensão do papel do político, do papel do povo, do papel da democracia.

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