Tenho uma teoria. Na verdade acabei de inventar, analisando as reações aos últimos acontecimentos de Honduras. É o seguinte: ocorre algo agora, por exemplo, a deposição do presidente de Honduras, e rapidamente se formará dois grupos: os bem-pensantes que analisarão o caso como se ele ocorresse há quarenta anos atrás e um grupinho desprezado e amaldiçoado que terá uma versão mais atual dos fatos. Daqui a quarenta anos ocorrerá algo novo e os bem-pensantes de então analisarão esse caso futuro com as teorias daquele grupinho antes amaldiçoado mas que então será bem-aceito e haverá um novo grupinho com idéias mais interessantes, mas desprezados. Por essa razão, Chamberlain pensou que Adolf Hitler era Guilherme II e crê-se hoje que os verdadeiros inimigos da democracia latino-americana são as Forças Armadas, não esse movimento esquerdista-patético liderado por Chávez e Evo.
Sim, sou mais um bocó que não saberia distinguir Honduras de Costa Rica num mapa e que fica dando palpite azedo. Mas, vão por mim, América Latina é tudo a mesma e aborrecida coisa. Aposto com quem quiser que, não havendo envolvimento estrangeiro na questão, a democracia hondurenha sairá fortalecida desse impasse.
Segue um link detalhando o caso: http://faustasblog.com/?p=13712 . Um pequeno resumo: Zelaya queria fazer um referendo para permitir sua própria reeleição. Foi declarado inconstitucional pelo judiciário. Levou adiante seu projeto. Mas quem vai imprimir as cédulas? A Suprema Corte avisou que, como o referendo era ilegal, era também ilegal a impressão das cédulas. A Venezuela de Chávez imprimiu as cédulas. As cédulas vieram à Honduras. Zelaya ordena ao exército a distribuição das cédulas. A Suprema Corte ordena o contrário. Apoiadores do presidente distribuem as cédulas. O parlamento faz uma lei proibindo a realização de referendos 180 dias antes de uma eleição, como era o caso. Entra-se com um pedido de Impeachment e logo depois Zelaya é deposto. E o mais importante: os militares seguiram ordens do Congresso e da Suprema Corte, não resolveram por si sós depor o presidente. Logo depois o congresso nomeou outro presidente. O povo hondurenho apoiou as medidas.
Só não vê quem está cegado pelo debate intelectual do século passado. O verdadeiro infrator da ordem é Zelaya.
terça-feira, 30 de junho de 2009
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