O simplório religioso comete um erro quando olha para dentro de si mesmo e conclui que é impossível ser bom sem a crença num sobrenatural a vigiar-nos.
O intelectual ateu comete o mesmo erro quando olha para dentro de si mesmo e conclui que é possível a todos ser bom sem necessidade alguma de um sobrenatural a vigiar-nos.
O intelectual ateu não só desacredita de Deus, mas crê que Ele é um mal a ser extirpado, um erro a ser esclarecido. O intelectual ateu deseja substituir a religião por uma moral – sem nunca, porém, especificar que moral é essa.
O intelectual ateu é apenas anti-religião, ele queria voltar ao ano 0, voltar à época em que não havia religião. Ele não é pós-religião, não é alguém que deseja pensar como seria o mundo depois da religião. Em suma, ele não deseja ultrapassar a religião, evoluir a algo superior, ele deseja aniquilá-la, deseja voltar a antes dela.
Então volto à questão: que moral, você, intelectual ateu, deseja colocar no lugar da religião?
Há muitas morais, dirá talvez o intelectual ateu, que cada um escolha a que convém. Convém então perguntar: e não podemos escolher a moral religiosa? Por que todas são permissíveis e só essa é vedada?
Mas isso ainda não chega ao fundo da questão. E o fundo da questão é que a religião e a moral, tal qual o intelectual ateu a compreende, não são a mesma coisa. O intelectual ateu pensa a moral como uma moral-filosófica. Mas a religião não é uma moral-filosófica. Ela é de um lado um pensamento filosófico-metafísico e de outro uma doutrina moral-prática.
E chegando ao fundo da questão chegamos também ao fundo do problema: a dificuldade de se substituir uma religião por uma moral não é porque haveria uma infinidade de morais possíveis, mas antes porque não há alternativa alguma. Não há uma moral-prática além da moral cristã no ocidente.
O que quero dizer com isso de moral-prática? É bem simples. A moral filosófica são essas abstrações acerca do que é o Bem e do que é o Mal. A moral-prática é a que vigora entre o povo, a moral concreta. E não há uma moral-prática ou uma moral concreta no ocidente além da moral cristã.
O intelectual ateu trocou a religião por uma moral abstrata e crê que seria possível converter todo o mundo a sua moral abstrata. Mas perdido em suas abstrações crê que todo o mundo são seus alunos ou companheiros intelectuais dispostos a gastar tempo (meses, anos) pensando sobre essas questões. Esquece, porém, que o todo mundo concreto é composto majoritariamente pela balconista Maria, pelo motorista José, pelo delegado Matias, enfim, por pessoas que bocejam se percebem dois substantivos abstratos empregados num único período.
E é por isso que todos esses ofensores contemporâneos da religião não apontam para o futuro, mas para o passado.
O intelectual ateu comete o mesmo erro quando olha para dentro de si mesmo e conclui que é possível a todos ser bom sem necessidade alguma de um sobrenatural a vigiar-nos.
O intelectual ateu não só desacredita de Deus, mas crê que Ele é um mal a ser extirpado, um erro a ser esclarecido. O intelectual ateu deseja substituir a religião por uma moral – sem nunca, porém, especificar que moral é essa.
O intelectual ateu é apenas anti-religião, ele queria voltar ao ano 0, voltar à época em que não havia religião. Ele não é pós-religião, não é alguém que deseja pensar como seria o mundo depois da religião. Em suma, ele não deseja ultrapassar a religião, evoluir a algo superior, ele deseja aniquilá-la, deseja voltar a antes dela.
Então volto à questão: que moral, você, intelectual ateu, deseja colocar no lugar da religião?
Há muitas morais, dirá talvez o intelectual ateu, que cada um escolha a que convém. Convém então perguntar: e não podemos escolher a moral religiosa? Por que todas são permissíveis e só essa é vedada?
Mas isso ainda não chega ao fundo da questão. E o fundo da questão é que a religião e a moral, tal qual o intelectual ateu a compreende, não são a mesma coisa. O intelectual ateu pensa a moral como uma moral-filosófica. Mas a religião não é uma moral-filosófica. Ela é de um lado um pensamento filosófico-metafísico e de outro uma doutrina moral-prática.
E chegando ao fundo da questão chegamos também ao fundo do problema: a dificuldade de se substituir uma religião por uma moral não é porque haveria uma infinidade de morais possíveis, mas antes porque não há alternativa alguma. Não há uma moral-prática além da moral cristã no ocidente.
O que quero dizer com isso de moral-prática? É bem simples. A moral filosófica são essas abstrações acerca do que é o Bem e do que é o Mal. A moral-prática é a que vigora entre o povo, a moral concreta. E não há uma moral-prática ou uma moral concreta no ocidente além da moral cristã.
O intelectual ateu trocou a religião por uma moral abstrata e crê que seria possível converter todo o mundo a sua moral abstrata. Mas perdido em suas abstrações crê que todo o mundo são seus alunos ou companheiros intelectuais dispostos a gastar tempo (meses, anos) pensando sobre essas questões. Esquece, porém, que o todo mundo concreto é composto majoritariamente pela balconista Maria, pelo motorista José, pelo delegado Matias, enfim, por pessoas que bocejam se percebem dois substantivos abstratos empregados num único período.
E é por isso que todos esses ofensores contemporâneos da religião não apontam para o futuro, mas para o passado.
Um comentário:
Depois a gente conversa. Ninguem quer acabar com a religião..blablablá, enfim...
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