sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Rhobidelo VI - capítulo III

Vinte dias depois tudo era como antes. Os mortos não adentraram na vida eterna, mas voltaram à morte perpétua, sem demonstrarem alívio ou desespero. Os longos e delicados vestidos de nossas damas deslizavam no chão imundo de meu salão. Em breve a primeira leva de condenados chegaria.

Teuro, minha sobrinha participava de sua primeira festa na alta-sociedade. Era toda alegria e ansiedade. Repetia vezes sem conta que estava louca para ver as execuções, pois achava, há menos de um mês, que nunca as veria. Ela era o centro da festa, radiava a todos com sua animação.

Os condenados chegaram. Silêncio de expectativa se fez, como sempre. Esperavam pela minha ordem. Eu estava velho e cansado. Não pude ou não quis dar as ordens. Por quinze minutos o silêncio se prolongou. Então um dos condenados começou a ter um ataque e caiu no chão se debatendo. Foi Winkmol, o capataz, que perguntou:

- Vossa majestade me ordena iniciar?

- Faça o que quiser.

Como de hábito, Winkmol era o primeiro da fila da esquerda. Atirou na nuca de seu condenado e este ao cair no chão produziu um baque que era como se ordenasse o segundo disparo no condenado ao lado e este condenado, por sua vez, ao cair no chão, ordenava o terceiro disparo, e assim sucessivamente. Teuro dava seus gritinhos adolescentes de satisfação provocando risadas gerais, anulando assim o efeito de meu silêncio.

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