sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Rhobidelo VI - capítulo II

Depois de trinta anos de guerra, finalmente, Toias era todo meu. Toda aquela sangueira precisava terminar, era o que eu desejava; mas não sabia como. Primeiramente suspendi as execuções em meu palácio e ordenei a limpeza do Salão Principal. O sangue, porém, já havia se agarrado de tal modo às paredes de meu palácio que mesmo meus melhores químicos não sabiam o que fazer. Então mandei fechar aquele salão e construir outro, ainda maior. Mas alguns nobres me interpelaram para que não fechasse assim aquele salão de tão boas recordações, que ao menos se desse uma festa de despedida.

Ordenei então a última execução pública e os mortos perpétuos foram convocados para o papel de vítimas finais. A marquesa de Ceceri pediu a palavra e lamentou que as execuções estivessem suspensas, pois era de sua opinião que a alegria de beber e comer luxuosamente eram mais bem percebidas se o sofrimento alheio estivesse posto em contraste. Todos concordaram. Concedi então que os próprios nobres matassem os mortos. Os nobres avançaram contra os indefesos, torturando-os de todos os modos imagináveis, mas estes estavam já tão insensíveis que quase não ofereciam resistência. A alegria deu lugar a certa frustração e tédio. A festa estava fracassando, pensava, quando um de meus mensageiros chegou ao castelo e requisitou minha presença. A pena para quem requisitasse a presença do Imperador desnecessariamente era a morte e pensei que ele seria um bom substituto aos mortos. Mas as notícias que ele trazia eram, de fato, importantes. Ciate, a principal cidade-oásis do deserto de Toias, havia se rebelado. Dei minhas ordens e o despachei.

- Senhores nobres, trago boas novas! – disse eu ao voltar ao Salão Principal - Ciate se rebelou, em breve teremos mais execuções!

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